28 de dez. de 2009

RÉVEILLON DO MEIO AMBIENTE EM 2010

FELIZ 2010 ! – 31 de dezembro, final dos anos 40, praia de Ipanema. No início eram poucos e chegavam de longe – dos subúrbios e da Baixada Fluminense, de onde houvesse um terreiro de Candomblé ou um Centro de Umbanda. Vinham de branco, em grupos, contritos e tímidos, um pouco temerosos, talvez. Afinal, a maioria esmagadora das famílias cariocas professava o Catolicismo e o temor de alguma incompreensão justificava-se. Mas eram acolhidos em paz por Ipanema, um espaço da Cidade caracterizado pela tolerância. Eram pobres, mas vinham para uma grande noite e traziam muitos brilhos,enfeites, oferendas, flores, imagens, miniaturas de barcos. À tarde já os víamos por lá, em grande faina, montando os ambientes para o culto, de formas e disposições diversas, mas sempre de frente para os domínios de Iemanjá e a África ancestral. Quanto a nós... Bem, parecia combinado, mas não era... Por volta das 10 ou 11 horas da noite os garotos da Montenegro, da Visconde de Pirajá e das outras ruas, já liberados pelos pais da ceia familiar de praxe, corriam em bandos para aquelas areias muito brancas, das quais conhecíam todos os mistérios. E percorriam a orla para lá e para cá, à busca de novidades. Ouvíamos as rezas, as evoluções, os cânticos, víamos os “passes” das Mães de Santo e até nos surpreendíamos com alguns “transes” mais fortes. Com o passar dos anos, curiosos, os adultos saíram de suas poltronas e sofás, começaram a seguir-nos e gostaram ! O pretexto era “tomar a fresca”, aproveitar a brisa generosa no auge do verão carioca e ver aquela manifestação religiosa cercada de mistério. Alguns de nossos pais, mais entusiasmados, soltavam fogos na chegada da meia-noite e já brindavam o Ano Novo com algum espumante levado de casa. A ida à praia no “réveillon” incorporou-se gradualmente aos hábitos das famílias de Ipanema. Provavelmente tudo ocorreu da mesma forma em Copacabana e no Leblon. Nascia e se desenvolvia, assim, um ritual bem carioca de ir “passar o ano” na praia. Atualmente um evento internacional gigantesco, concentrado em Copacabana para um público cosmopolita de milhões de pessoas, mas que tem ramificações similares expressivas em todas as praias da Cidade do Rio de Janeiro. Mas não nos esqueçamos: começou modestamente e fica na história carioca como herança eterna dos cultos de origens africanas que a garotada bronzeada dos anos dourados acolheu e ajudou a consagrar como manifestação cultural brasileira de importância global.
2.COP 15 – No Brasil e em muitos outros países a impressão já consolidada é de que a COP 15 foi um fracasso. Tive algumas experiências em grandes conferências internacionais e nelas pude sentir as dificuldades em chegar ao consenso sobre qualquer questão. Na verdade, pensando bem, o mundo é ainda a velha Torre de Babel, cada qual falando uma língua diferente. E continua sendo também uma grande Arca de Noé, tripulada por bichos e interesses de todas as espécies. Por azar – sejamos realistas - a COP 15 aconteceu quando o Presidente Obama tinha só uns poucos meses de Governo, o que inibiu seus possíveis voos mais ambiciosos. E seu papel, claro, era fundamental...
3. AFINAL VALEU A PENA - Harald Hellmuth, meu colega da Escola Nacional de Engenharia que entende do assunto, fez seu balanço da COP 15: “A conferência de Copenhague terminou sem alcançar nenhum dos resultados mais esperados: metas compromissadas de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa (GEE), pelo menos dos países desenvolvidos, e uma garantia de ajuda financeira aos países mais pobres. Nem os alertas de cientistas, nem a pressão da opinião pública ajudaram os Chefes de Estado presentes a encontrarem um consenso que fosse aceitável por todos os 193 países participantes. Foi tudo em vão ? Além dos condicionamentos resultantes das percepções terceiro-mundistas e dos procedimentos equivocados do encaminhamento das conversações, a consideração dos reais potenciais de contribuição de cada participante e das condicionantes a que estão submetidos precisavam ser considerados, tanto na formação de expectativas realistas como no encaminhamento de negociações. Quanto aos EUA, existe o potencial de transformar sua matriz energética, hoje fundamentada em carvão e petróleo, numa matriz com predominância das energias eólicas e solares, inclusive nos transportes, com a adoção dos acionamentos híbridos, num prazo de 15 a 20 anos (vide Plan B3.0 de Lester Brown). Mas atualmente a legislação e a estrutura fiscal ainda não estão adequadas e os empreendimentos resistem; num regime democrático o governo não pode adiantar compromissos não apoiados pelo Congresso. A China está empenhada em resgatar da pobreza centenas de milhões de cidadãos, através de um inédito esforço de industrialização e de urbanização, que a projetou para a posição de maior poluidor – não só – atmosférico. Todavia, a China desenvolve enormes esforços para aumentar a eficiência energética da economia, executa um ambicioso programa de usinas eólicas, é o maior fabricante global de painéis fotovoltaicos e de captação de energia solar para aquecimento, além de estar realizando um programa de reflorestamento em extensas áreas. A condição de regime autoritário favorece esta espantosa mobilização, mas também explica a aversão a inspeções em seu território. Atualmente, pode ser ainda impossível prever o momento em que os esforços de mitigação resultarão numa redução das emissões. A Índia apresenta condições semelhantes às da China. Com os países maiores poluidores incapacitados de se comprometer com metas, as expectativas e as programações para a COP 15 foram ilusórias. Todavia, o impasse induziu uma evolução das percepções que se materializa no texto final, que estabelece que os países deverão providenciar “informações nacionais” sobre de que forma estão combatendo o aquecimento global, por meio de “consultas internacionais e análises feitas sob padrões claramente definidos”. Esta formulação encerra o potencial de modificar de forma radical a continuação das tratativas, pois focaliza as ações devidas por cada parte e a prestação de contas diante da comunidade internacional. Caso esta reorientação se confirme, a COP 15 não foi em vão. Reconhecer-se-á então, que a conferência produziu um passo imprescindível na direção da mobilização das sociedades pelo Desenvolvimento Sustentável, ou seja, pela solução simultânea dos problemas ambientais, sociais e econômicos.” HARALD HELLMUTH

23 de dez. de 2009

A CARTA QUE MUDOU A MINHA VIDA

1. LINCOLN GORDON – Morreu Lincoln Gordon, um “scholar” renomado da Universidade de Harvard que foi Embaixador dos Estados Unidos no Brasil nos anos 60. Conheci-o. Era um gentleman, inteligente e culto, que amava o Brasil. Eu trabalhava na CONSULTEC quando Lincoln Gordon indicou nossa empresa ao Harvard Center for International Studies para que coordenássemos a elaboração de 14 monografias sobre a economia brasileira. Fui indicado para escrever sobre “EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO NO BRASIL” (1963). Assim que acabei meu trabalho, Mário da Silva Pinto, Sócio-Gerente da CONSULTEC, enviou os originais a Lincoln Gordon que escreveu uma carta elogiosa e a partir daí minha vida profissional deu uma guinada e dediquei-me durante muitos anos à educação.
2.GLOSSÁRIO DA SUSTENTABILIDADE - Na COP 15 distinguia-se sempre os dois tipos de ação passíveis de desenvolver em favor da sustentabilidade como sendo ou a mitigação ou a adaptação. Fazendo uma analogia, eu diria que a mitigação seria a Medicina Preventiva enquanto a adaptação seria a Medicina Curativa. Harald Hellmuth esclareceu-me que:
a) Mitigação: são ações que objetivam a redução da concentração de gases causadores do efeito estufa - GEE - na atmosfera. Compreendem:
- A redução do consumo de energia, por exemplo através da utilzação de lâmpadas econômicas ou LEDs na iluminação e aparelhos elétricos com maior eficiência.
- A redução de emissões por exemplo na geração de energia, por exemplo substituindo a geração por usinas termelétricas a carvão por geração eólica e solar e os acionamentos feitos a motor a gasolina por acionamentos híbridos, de preferência com etanol e elétrico com alimentação por tomada. No caso do Brasil, principalmente pela terminação dos desflorestamentos.
- O aumento da capacidade de sequestro de CO2 através do florestamento e do reflorestamento.
b) Adaptação: são ações que objetivam a acomodação a efeitos causados por mudanças climáticas inevitáveis. Exemplo:
- Aumento dos diques na Holanda.
- Desenvolvimento de espécies vegetais reistentes a temperaturas mais altas e a menor índice de pluviosidade.”
3.CHILE NA OECD – O Chile vai ingressar no grupo seleto de países-membros da OECD. Na mesma notícia, ouvi perplexo que o Brasil também foi sondado mas não aceitou, pelo fato de que o ingresso no órgão pressupõe a obediência a certas normas e que o Brasil não iria se submeter etc etc. A OECD é a organização internacional de maior competência que conheci ao longo de minha carreira profissional, com muitas passagens pelo exterior e contacto com Agências da ONU, OEA etc. A OECD é um dos bastiões da luta contra a lavagem de dinheiro e a corrupção. Será que a recusa de transparência por parte de nosso Governo tem alguma relação com esse campo de atuação da OECD ?
4.PROMESSA NÃO CUMPRIDA - Lula disse na mensagem natalina que em seus 7 anos de Governo foram gerados 12 milhões de empregos. Não é verdade ! E o pior: ninguém desmente ! Incompetência ou cumplicidade ?

21 de dez. de 2009

Mídia Amestrada, Avaliações Imobiliárias e Pensões Miseráveis

1. GANHANDO NA MANCHETE – Quantas e quão ricas lições podemos extrair da observação de nossa mídia ! Durante 5 anos mantive uma coluna sobre voleibol, aos domingos, no “CORREIO DA MANHÔ. Não ganhava nada, era jogador do Fluminense e escrevia por amor ao voleibol e à verdade, produto que era muito escasso no setor. Mas aprendi muita coisa interessante, nas entranhas da redação e das rotativas. Semana passada deparei com a estrondosa manchete de primeira página, na edição dominical de um típico jornal do Brasil atual: “BANDA LARGA CRESCE 75%”. Logo abaixo fica-se sabendo que isso ocorreu no breve intervalo de três anos, entre 2005 e 2008. Fenomenal, vitória nacional, ponto para o Governo Lula ! – pensei de imediato. Vai–se ler a matéria e a constatação é de que, em verdade, houve uma melhoria pífia nos nossos ridículos índices digitais. A percentagem de computadores do País com esse acesso mais civilizado era de 20% do total e passou a 35%. Saímos do quarto mundo e adentramos vitoriosos o terceiro mundo. Só isso. Mas quais os significados dessa singela manchete ? - “Tá tudo dominado !”
2. O PODER DAS MASMORRAS - Qualquer ofício tem seus truques - é claro – e a maioria pode servir tanto a Deus quanto ao Diabo. O artifício jornalístico descrito acima chamava-se outrora “ganhar na manchete”. Frutificou na ditadura de Vargas e era muito praticado pelos militantes comunistas nos momentos de maior repressão. O Partidão, na ilegalidade, tinha muitos adeptos nas máquinas e naquela época, para acertar a paginação, otimizar os espaços disponíveis, muitas manchetes eram colocadas nas oficinas, já no momento de rodar o jornal. Caso o articulista ou repórter escrevesse matéria de interesse da “célula vermelha” local, lançava-se mão do “mancheteiro” providencial que lá nas oficinas usava sua criatividade à larga e podia até distorcer totalmente e contradizer a notícia. Partia-se do pressuposto – correto até hoje – que a maioria dos leitores só olha as manchetes. Mais recentemente, os computadores acabaram com a festa e aquela manchete cabulosa só pode ser obra da redação ou da própria direção. Esse mesmo jornal manifestara, há alguns meses, a disposição de vender seus ativos. A partir daí suas edições foram ficando “magrinhas”, anêmicas mesmo e seus conteúdos cada vez “circulares”, aquele tipo de matéria sem rumo definido, que não diz nada, o que antecipa mudança de orientação política. A seguir, a publicidade voltou a “pintar” e as verbas vão chover grosso na horta do plutocrata jornalístico ! Ponto para os Goebbels de plantão... Mais um que está “dominado” ! Daqui a pouco só restará a Internet aos homens livres para que manifestem suas ideias...
3. SÓ PARA ENGENHEIROS – Leitores perguntam sobre a avaliação de imóveis. Os três métodos mais comuns são: A) Método da Reposição ou Reprodução, no qual se calcula quanto seria necessário gastar para construir um imóvel igual ao avaliado, efetuando-se a seguir a diminuição de uma depreciação que é função da idade do imóvel e de outros fatores construtivos como o estado de conservação. O problema é que com a metástase urbana sobreveio um tipo adicional de depreciação, com grande volatilidade e de difícil mensuração, envolvendo fatores psico-sociais – sensação de insegurança, temor da violência, deterioração das posturas urbanas (camelôs, população de rua, vias usadas como dormitórios e banheiros etc). B) outro é o Método da Renda, que avalia o imóvel conforme a receita que é capaz de gerar, a partir do retorno dado pelo seu aluguel. Esse método também não se aplica mais universalmente, pois o valor potencial do aluguel não é um dado suficiente para definir a renda obtida no médio e longo prazo. Em áreas conflagradas, a rotatividade e inadimplência dos inquilinos são elevadíssimas (os imóveis ficam vagos por longos períodos, obrigando proprietários ao pagamento dos tributos e encargos condominiais). O rendimento é incerto. C) O terceiro é o Método Comparativo, em que o valor do imóvel é obtido cotejando-se suas características com as de outros similares que estão sendo negociados no mercado. Os dados daí derivados não permitem uma avaliação perfeita do imóvel que esteja imerso em um ambiente de violência urbana. É preciso acompanhar as oscilações dos valores de mercado ao longo dos últimos anos e, o que é mais difícil, conhecer sua sensibilidade (em outras palavras: sua desvalorização) a eventos de violência ocorridos na sua área de influência. Aferida essa sensibilidade (à bala perdida que mata/fere o transeunte ou o morador; ao assalto ao idoso; ao latrocínio; aos enfrentamentos entre traficantes e policiais etc) é indispensável usar o cálculo de probabilidades para saber com que freqüência se deve esperar que esses eventos venham a repetir-se no futuro, desvalorizando progressivamente o imóvel. Nada simples... 4. APOSENTADOS AO MAR – Aposentado do INSS em janeiro de 2000, minha pensão subiu apenas 99,66% desde então, enquanto o salário mínimo subiu 241,91% no mesmo período. Em outras palavras, ganho hoje 58% do que seria justo – pouco mais que a metade. Mas agora vem a eleição e Lula vai enganar os velhinhos, dizendo que nos dará 6% de aumento, uma porcentagem maravilhosa, maior que a inflação ! Acontece que o salário mínimo vai subir 9% ou 10%, aumentando a defasagem. Nessa hora os sindicalistas - defensores dos trabalhadores, lembram ? - se calam, porque o deles está garantido... Nivelar por baixo é o lema do Governo Lula... Menos para a turma do PT, todos ganhando 10, 12 ou 14 mil reais por mês com os impostos suados que nós pagamos.

18 de dez. de 2009

EMPREGO, EOLO, DOPING, UPP, VARGENS

1. CAGED - Em novembro de 2009 foram gerados 246.695 empregos formais no Brasil e o acumulado do ano chegou a 1.410.000. Esse resultado fica 30% abaixo dos 2.107.000 postos de trabalho conseguidos em 2008 para igual período. Como dezembro é um mês em que o setor produtivo perde empregos, o ano de 2009 fechará com saldo de 1,1 a 1,2 milhão, resultado pior que em 2008. Deve-se lembrar que o Brasil deveria criar anualmente 1,8 milhão de empregos para os jovens que chegam ao mercado de trabalho. Notícia ruim, também, é que a Indústria de Transformação não manteve a reação esperada e de janeiro a novembro de 2009 criou apenas 177 mil postos de trabalho contra 452 mil em igual período em 2008. Tal fato indica que o PIB de 2009 deve diminuir quase 0,5% e nossa renda per capita cairá 2%, o que não é nada desprezível. Ficamos mais pobres mesmo pegando só a “marolinha” da crise mundial.
2. VAMOS CHAMAR O VENTO... – Harald Hellmuth escreveu-me festejando o sucesso do leilão da energia eólica brasileira e lembrando “que as usinas hidrelétricas não conseguem aproveitar integralmente a capacidade instalada durante o ano todo, devido à variação da vazão dos cursos d'água. Assim, geração eólica e hidrelétrica são complementares. E há mais vento quando as vazões hídricas são menores ! Portanto, além de somar-se à oferta de energia, as turbinas eólicas contribuirão para reduzir as variações de oferta. O impacto ambiental deve ser o mais baixo de todas as fontes, ao lado da co-geração com biomassa, como se pratica nas usinas de açúcar e álcool e nas indústrias de papel e celulose. Nos Estados Unidos, como na China e na Alemanha já existem capacidades instaladas de energia eólica de 30.000 MW, que estão substituindo usinas a carvão. Diante do potencial eólico brasileiro de 140.000 MW, seu status atual como energia apenas de reserva deverá ser superado. Além disso, como não haverá disponibilidade fabril no exterior para suprir toda a demanda global por turbinas eólicas, a fabricação no Brasil é necessária, existindo mesmo certa margem para exportação. Com a acumulação de experiência e maior escala, os custos tenderão a baixar. As instalações de pás nas regiões marítimas têm custo mais alto, mas também maior produção. Incentivos à geração eólica poderiam amenizar as desigualdades regionais, favorecendo áreas deprimidas do Nordeste.” HARALD HELLMUTH
3. DOPING - Os dopantes mais potentes usados no desporto têm margens de detecção muito curtas. Estão nesse caso a eritropoietina (EPO), a testosterona e o hormônio de crescimento (hGH). Por esse motivo, quanto mais testes anti-doping forem realizados fora das competições, mais eficaz será a detecção do doping. A aleatoriedade dos testes tira a margem de manobra dos atletas que usam o doping e de seu pessoal de apoio. As estatísticas comprovam essa realidade. Doping é crime e pode matar o atleta e o esporte !
4. O CUSTO DAS FAVELAS – Notícias sobre o mercado imobiliário dão conta de uma grande valorização recente dos imóveis nas Capitais do Rio de Janeiro e São Paulo. Creio que esses dados estão muito influenciados pelos avanços feitos no campo da segurança. Em São Paulo, ultimamente, os índices gerais de criminalidade caíram muito. No Rio, depois da implementação do projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), áreas que haviam se desvalorizado pela proximidade com favelas estão se revalorizando. Embora não se saiba ainda em que medida serão recuperados os antigos valores dos imóveis no entorno das favelas em que o tráfico está sendo expulso, a revalorização começa de imediato. Meus colegas engenheiros que fazem avaliações estão tendo mais trabalho, porque os paradigmas do mercado imobiliário foram quebrados no Rio de Janeiro. Os agentes econômicos tomam suas decisões com base em três atributos inerentes aos diferentes investimentos: segurança, liquidez e rentabilidade. O imóvel é tradicionalmente uma opção de baixa rentabilidade, liquidez média e segurança elevada. No Rio de Janeiro a metástase urbana, causada pela expansão das favelas, seu surgimento repentino em pontos inesperados e até recentemente sem repressão, retirou do investimento imobiliário essa sua característica mais apreciada: a segurança.
5. VENEZA CARIOCA - O Prefeito Eduardo Paes tem, neste momento, uma grande oportunidade de evitar que uma linda área do Rio de Janeiro sofra um colapso semelhante ao que está ocorrendo no Jardim Pantanal da Capital paulista. A enorme população daquela região paulistana, ao lado do Rio Tietê, está literalmente submersa há vários dias e o problema parece irreversível. O Prefeito do Rio tem em suas mãos o PEU aprovado na Câmara dos Vereadores para Recreio dos Bandeirantes, Vargem Grande e Vargem Pequena, permitindo que os bairros sejam efetivamente urbanizados, de acordo com conceitos modernos e que evitarão as enchentes que a favelização da região determinará forçosamente se não for detida a tempo. As Vargens podem ser o Pantanal Carioca ou a Veneza Carioca - o Prefeito vai escolher !

14 de dez. de 2009

BRASIL MAIS POBRE, FAVELAS MAIS CARAS

1. DECEPÇÃO - O PIB brasileiro do 3º. trimestre de 2009 foi decepcionante, muito abaixo do que apregoavam as autoridades do Governo. Teria sido melhor se, em vez de usar a retórica do palavrão, Lula tivesse investido em Saneamento Básico, para tirar o povão da vala negra e ainda aumentar o nosso magro PIB. Mas não ! O dinheiro vai todo para despesas correntes, para pagar milhares de petistas e sindicalistas, parasitas que sobrevivem nas tetas do Governo, além de servir para subsidiar o MST. Este sim... teve sucesso e prejudicou bastante o agronegócio: o PIB de nossa Agricultura caiu 2,9% no trimestre. Com esse resultado, o Brasil ficará mais pobre em 2009, pois o PIB pode cair cerca de 0,4%. E o povo brasileiro terá sua renda per capita reduzida em mais de 1,5%. Êta “marolinha” cara ! E o Governo...Bem, vai dizer que 2010 será um ano maravilhoso!
2. LIXÔMETRO E LUXÔMETRO – Criativa e elogiável a ideia do Prefeito Eduardo Paes, encarregando a COMLURB de medir, comparativamente, a sujeira que os cariocas depositam em seus bairros, para depois premiar, com obras, os locais que mais economizarem com a diminuição de seu lixo. Péssima, porém, a poda de árvores que a mesma COMLURB está fazendo no Jardim Oceânico nos últimos dias, exatamente quando há muitos ninhos com filhotes, sacrificados pela incompetência da Prefeitura. Isso, quando o mundo está discutindo a sobrevivência no planeta. Afinal, se legislação brasileira protege a fauna silvestre, pode um órgão público matar impunemente toda uma geração de pássaros ? Pior que isso só essa ameaça de cobrar mais pela nossa pobre iluminação, usando argumentos que aprendeu com seu sucessor, mestre da meia-verdade, já agora ambos exploradores do desconhecimento do povo acerca dos meandros da legislação financeira em vigor. Responsabilidade fiscal ? Apague os lampiões acesos durante o dia, Prefeito, ou vamos instalar o seu LUXÔMETRO e cobrar-lhe o desperdício!
3. LAMARTINE - A Universidade Gama Filho, juntamente com a Universidade do Esporte de Beijing e com o apoio do Comitê Olímpico Internacional, está lançando (em 17/12) o livro “Olympic Studies Reader”, coordenado pelos professores Lamartine Pereira da Costa e Ren Hai, contendo uma valiosa contribuição de 86 especialistas de cinco continentes ao campo dos Estudos Olímpicos. Lamartine trabalhou comigo no IPEA, onde elaborou o Primeiro Diagnóstico de Educação Física e Desportos no Brasil e depois no MOBRAL, sendo o responsável pela estruturação administrativa da instituição e sua capilaridade nacional. O MOBRAL, é bom lembrar, foi a primeira organização brasileira a ter presença em todos os Municípios brasileiros.
4. PAUL SAMUELSON – Aprendi desde cedo que quem domina um assunto é capaz de escrever sobre ele com clareza, mas quem apenas finge saber...bem...escreve difícil, incompreensível. Samuelson escreveu um livro cristalino sobre “Economia: Uma Análise Introdutória” que toda minha geração que queria aprender a matéria leu com prazer. Seu Prêmio NOBEL de Economia foi merecidíssimo.
5. O CUSTO DAS FAVELAS – Rua Djalma Ulrich. Bem em frente, na praia, ficava o campo do Huracan, o segundo time pelo qual joguei futebol em Copacabana. Formado principalmente pela garotada que morava no Edifício Andraus (na Avenida Nossa Senhora de Copacabana) e na própria Djalma Ulrich, rua chique, que tinha um edifício outrora muito bonito e valorizado, que encantava pelo aspecto austero e pela área externa ampla. A última chuva atolou-o com uma incrível montanha de lixo que caiu da Favela Pavão-Pavãozinho e alcançou o leito da rua e suas calçadas. Desvalorizou ainda mais os imóveis da área. O evento caracteriza bem a metástase urbana causada pelas favelas cariocas. As autoridades fluminenses - e especialmente as cariocas - deveriam repensar a realidade da favelização e mirar-se em sua evolução histórica. Poderiam surpreender-se e concluir que a política de remoção de favelas do Governador Carlos Lacerda estava certíssima. Quanto mais o tempo passa, mais fica evidente a justeza do raciocínio que embasava a ação daquele Governador. A favela, mesmo pequena, já é um fator de imediata desvalorização de todas as propriedades das vizinhanças. Em seu território não há arrecadação, as tarifas são sonegadas e vão recair injustamente sobre os demais habitantes da cidade que são bons pagadores. A partir de certo tamanho, a favela vira um território em que o Estado perde toda sua autoridade para meliantes e criminosos de todos os matizes. Claro que lá moram muitas pessoas de bem, mas elas não controlam a situação, exatamente por serem pessoas de bem. Os bandidos imperam, mandam e desmandam, são “senhores de cutelo e baraço”, assediam e transviam jovens, ditam as leis para o comércio legal das redondezas e promovem o comércio mafioso e ilícito. Quem reagir, morre. Tudo isso tem um custo elevadíssimo. Por outro lado, alguém deveria analisar o impacto econômico positivo da remoção, por Lacerda, da Favela da Catacumba, na Lagoa ou da Praia do Pinto, no Leblon, que acarretaram: valorização dos terrenos onde era a favela; valorização dos imóveis nas suas vizinhanças; impacto dos investimentos atraídos para o local em termos de emprego e renda; aumento da arrecadação tributária por força dos fatores citados; redução das taxas de criminalidade, mortalidade, morbidade e consequentemente das despesas com segurança, saúde e saneamento na área de influência da favela. Pode-se até ir mais longe, porque tais remoções recuperaram para a Cidade um trecho belíssimo do Rio de Janeiro, com grande impacto no turismo, pois a circulação em volta da Lagoa Rodrigo de Freitas não seria possível sem a ação mencionada. Assim como as instalações dos esportes olímpicos do Flamengo não estariam lá. Hoje, estão perdidos para as favelas e mais a constelação de problemas que elas acarretam, locais outrora maravilhosos do Rio: o Alto da Boavista e seu parque; Grajau, Tijuca e suas florestas; os rios e lagoas do Recreio dos Bandeirantes, Vargem Grande, Vargem Pequena e o entorno das Lagoas da Barra da Tijuca; partes importantes de Ipanema, Copacabana e Leme, e muitos outros espaços de beleza natural invulgar, inclusive áreas de preservação ambiental. Isso não tem preço !

7 de dez. de 2009

O QUE SERIA DE BOM TOM NA COP 15

1. 15 ANOS FORA DE TOM – No começo, para a garotada da Montenegro, ele era uma “figuraça” que chegava na praia quando já ia anoitecer e nosso “racha” de fim de tarde estava acabando. Depois, disse-nos o Juquinha, baterista talentoso com físico de jóquei, que ele era músico e que tocavam juntos no Beco das Garrafas. A manicure de minha mãe, irmã do Newton Mendonça, confirmou: os dois eram parceiros musicais. Quando Tom Jobim começou a frequentar o nosso Veloso (o nome era Bar Montenegro, mas o dono se chamava Veloso) descobrimos que ele era um tremendo “boa praça”, que conversava muito conosco, uns 10 anos mais novos do que ele. E como não éramos dos meios artísticos, Tom nos dizia coisas que provavelmente não falaria aos do seu “metier”. Sempre coisas positivas: parecia eternamente de bem com a vida e com o resto da Humanidade – essa, a impressão mais forte que tenho do Tom. Um dia ele me perguntou, afirmando ao mesmo tempo: “vocês, jovens, não gostam de música brasileira, não é ? Vocês gostam só de música americana, mas eu vou criar um som que vocês todos vão gostar...” Palavras proféticas. E lá veio a bossa nova, sucesso na minha geração. Sucesso no mundo todo. Depois que casei, só ocasionalmente passava pelo Veloso. Tom começou a viajar mais e nosso contacto acabou. Em 1993 nos reencontramos algumas vezes no Plataforma, juntamente com o Walter Clark. O doce Tom dá saudades aos amigos, mas seu gênio faz falta principalmente à música brasileira, pois o que está por aí é muito pobre e seu talento poderia revigorá-la.
2. MAIS VALE PREVENIR... – Tom Jobim, amante da Natureza, nos diria, em sua sabedoria, que pouco importa se o aquecimento global é obra ou não da ação do homem. Temos que deixar de ser predadores do planeta e esse é um imperativo ético, estético e da razão que está posto agora, na COP 15. O engenheiro Harald Hellmuth, muito a propósito, mandou-me um texto intitulado “Visão e projeto para a Amazônia no contexto da Sustentabilidade”, com oportunas considerações que transcrevo: “A COP 15 tratará das Mudanças Climáticas decorrentes do aquecimento global da atmosfera e dos mares, que está sendo induzido pelo aumento da concentração dos gases causadores do efeito estufa (GEE) na atmosfera, em consequência, principalmente, da liberação do carbono fóssil pela combustão de carvão mineral e petróleo. Não é difícil entender que o aumento da concentração de GEE será anulado quando as emissões forem equivalentes à capacidade da natureza de eliminar os gases produzidos, seja por destruição, seqüestro na fotossíntese ou por outra via. Para tanto, a Humanidade detém uma série de recursos e abordagens, dos quais se destacam: o aumento da eficiência energética na produção de bens e serviços de sua necessidade; a redução de consumo de energia nos prédios e transportes; a utilização de fontes renováveis, que não geram emissões ou que reciclam o carbono pela substituição dos combustíveis fósseis, e o aumento da capacidade de seqüestro de carbono. Simultaneamente às questões da Sustentabilidade Ambiental, na qual se situam os problemas do clima, a Humanidade precisa solucionar - com igual ou até maior urgência - o problema da miséria de numerosos contingentes da população. Caso as emissões causadas pelo aumento do consumo das populações resgatadas da miséria não sejam compensadas por medidas suficientemente enérgicas de redução e seqüestro de emissões no âmbito global, o equilíbrio da concentração de GEE na atmosfera não será atingido. Por outro lado, a Sustentabilidade Social implica na integração dos contingentes pobres no processo produtivo, aspecto que não consta diretamente na pauta da COP 15. Cada sociedade participante da conferência vê as questões em pauta a partir de suas próprias necessidades e de seus potenciais da ação. O foco nos limites de concentração e nas correspondentes metas de reduções globais de emissões em relação ao nível de 1990, formulados pelo IPCC, representa a grande inovação indutora de uma convergência. Apesar das evoluções das percepções provocadas pela iminência da Conferência, ainda persistem receios sobre conseqüências econômicas, resistências de interesses alicerçados nas estruturas existentes, preconceitos ideológicos e mesmo simples incompreensão da natureza das tratativas, diferente de uma negociação comercial. Ainda não é generalizada a percepção que os debates versam sobre a responsabilidade pelas condições de sobrevivência da Humanidade, não existindo condicionamentos reflexivos das ações que cada parte deveria empreender voluntaria e soberanamente. Ocupando o Brasil a quarta ou quinta posição entre os maiores poluidores da atmosfera apenas por conta dos desmatamentos, em particular da Amazônia, mas também do Cerrado, é certo que as florestas estarão no foco das discussões sobre suas metas e compromissos. Diante desta expectativa, a posição oficial evoluiu para uma proposição de metas aparentemente consonantes com valores defendidos pelo IPCC, embora divergentes quanto à base de referência, e prevendo uma redução dos desmatamentos em 80% até 2020 em comparação aos ocorridos em 2005. Por enquanto, passa despercebido que o critério de referência “business as usual” (BAU), empregado na quantificação de medidas de redução de emissões em sociedades industrializadas, não é aplicável às florestas e às metas brasileiras, pois elas se esgotam no desmatamento, extinguindo-se suas contribuições para a estabilidade do clima. Na verdade, o Brasil procura minimizar os compromissos a serem assumidos, praticando táticas de negociação convencional, equivocadas em relação à causa em pauta. Outra aspiração dos negociadores brasileiros é obter subsídios financeiros de sociedades desenvolvidas para prevenir os desmatamentos. Compreende-se que o Governador do Amazonas procure amealhar recursos financeiros. Mas não estaria ele equivocado? As sociedades desenvolvidas precisam investir na redução mais rápida possível de emissões e não em "compensações". Por outro lado, a China demonstra que a redenção social de numerosos contingentes rurais - e florestais - pobres está no oferecimento de ocupação com mais alta produtividade em regiões urbanas. Mas não existe ainda no Brasil sequer a idéia de um projeto para a formação de cidades industriais na costa atlântica da Região Norte. As indústrias verdes lá estabelecidas seriam supridas a partir de grandes áreas reflorestadas, hoje degradadas, que seqüestrariam carbono no seu crescimento. O reflorestamento também ocuparia um número considerável de famílias. As populações da floresta migrariam voluntariamente para sítios que oferecessem melhores condições de conforto. O esforço do Poder Público, de proteger o patrimônio florestal da nação, ficaria em muito facilitado. Não depende de recursos estrangeiros, que não são asseguráveis num prazo dilatado. E convenha-se que argumentações de “desmatamento evitado” em relação a atos de truculência aventureira têm base absolutamente frágil. Da baixa contribuição da indústria, da geração de energia, dos transportes e dos prédios nas emissões de GEE do Brasil – no total cerca de 20% - em contraste com os países desenvolvidos, com grande participação de carvão nas matrizes energéticas e necessitados de aquecimento durante o inverno – onde perfazem o total das emissões - resulta que o Brasil está em condições singulares de rapidamente reduzir as emissões com custos comparativamente baixos. Basta terminar os desmatamentos, responsáveis por cerca de 55% das emissões do Brasil. A percepção de que os desmatamentos são desnecessários para o desenvolvimento econômico e que não contribuem para a mitigação da pobreza apenas começa a aflorar. Mas a sociedade não se indigna com o fato de que os desmatamentos significam apropriação clandestina do patrimônio nacional a cuidado do Estado para conversão em pastagens e lavouras particulares. Constata-se, portanto, que a sociedade brasileira ainda não amadureceu uma percepção das suas potencialidades singulares no contexto do Desenvolvimento Sustentável e da falta de conflito entre interesses por melhor bem-estar geral e as responsabilidades diante da comunidade global. Tal conscientização teria de resultar no abandono de crenças e hábitos tradicionais, principalmente por parte dos formuladores de estratégias e políticas públicas, cujas percepções difusas explicam as atitudes preponderantemente defensivas e oportunistas na preparação para a COP.” HARALD HELLMUTH

4 de dez. de 2009

ENGENHARIA BRASILEIRA, FUTEBOL SEM OXIGÊNIO

1. POLÍTICA E ENGENHARIA - Carlos Henrique Villela, profissional muito atuante, foi meu colega na Escola Nacional de Engenharia e enviou sua opinião sobre problemas atuais da profissão e do nosso País. Especialmente enfatizando a falta de qualificação dos trabalhadores e o despreparo dos políticos que mandam no Brasil. Eis seu texto: “Tanto o artigo do nosso colega Carlos Roberto Santos Moura (vide texto anterior do meu blog intitulado “PLANEJAMENTO SEM IPEA”), quanto a sua complementação, retratam a preocupação de nossa geração, que iniciou a vida profissional com JK. O lapso de investimento em infraestrutura da era pós-JK resultou em prejuízo inominável, com a perda de memória da técnica em Engenharia. Trabalhei 30 anos em Grandes Estruturas, conseguindo a formação de somente três Mestres de Obras competentes que, além de outras virtudes, fossem capazes de evitar colapsos como o ainda recente acidente na Linha Amarela do Metrô de S. Paulo. Considero que essa formação tem um custo bastante razoável, comparado ao sacrifício de muitas vidas perdidas em acidentes do aprendizado. Diria mesmo que um Mestre de Obras competente representa mais que 70% da segurança da obra. Lembro que a importância maior da nossa ação (do Engenheiro) se desenvolve ANTES da obra: em projetos e planejamento. Hoje, dificilmente se encontrará na praça um bom Mestre de Obras ou Encarregado (de forma ou de armação) pois, após longo período de falta de emprego (de obras), viraram agricultores ou pequenos comerciantes. Daí, como consequência, a obra do Metrô que citei ter sido dividida por cinco das maiores empreiteiras do Brasil, capazes, cada uma delas, na era JK, de contratar muito mais que o trecho sinistrado. Mas vejo que entramos na ERA DE CONSAGRAÇÃO DO POPULISMO, que se espalhou por toda a America Latina. Nossa geração presenciou a degradação da Argentina com o Peronismo e o nosso atraso com o Getulismo, como exemplos mais próximos. Hoje, vemos o nosso grande Lula monitorado pelo Hugo Chavez - que está conseguindo destruir a Venezuela, apesar da potência econômica promovida pelo petróleo. Para mim, isso é um ranço do COLONIALISMO. Deixamos de ser colonizados por Portugueses e Espanhóis para o ser pelos Políticos, que a população elege como TUTORES e não LIDERES. A DIFERENÇA está na proposta: o LIDER diz "VAMOS COMIGO" enquanto o TUTOR diz "DEIXA COMIGO". Isso explica a passividade da população latina, permitindo a proliferação dos atuais Títeres, achando que é isso mesmo, que não tem jeito. Assim, concordo: REALMENTE NÃO TEM JEITO. Desculpe o desabafo sobre um assunto que há muitos anos me incomoda.” Carlos Henrique Villela 2. VISÃO DE ENGENHEIRO-ECONOMISTA – Carlos Henrique, que se formou comigo em 1960, tem razão quanto ao marasmo que acometeu o País de 1960 até 1964, período no qual pouco se investiu e no qual predominou a politicagem. Um visível contraste com a realização do dinâmico PLANO DE METAS do Governo JK e a construção de Brasília (1955-1960). Mas após a Revolução de 31 de março de 1964, na minha visão de engenheiro-economista, veio a compensação, com enormes investimentos em infraestrutura, como jamais se fizera antes – em rodovias, hidrelétricas, saneamento, habitação popular e de classe média, instalações portuárias etc. A infraestrutura construída no período militar é praticamente a que temos ainda hoje, porque desde então também pouco se investiu, principalmente nos últimos 15 anos, período em que nossa infraestrutura viveu de remendos ineficazes. Ainda bem que ultimamente a construção civil conta com um novo programa habitacional - uma boa iniciativa do Governo Federal - que tem garantido o renascimento do setor e uma ponderável criação de empregos.
2. INTRUSOS NO CAMPO DE FUTEBOL – a) A FIFA tem que tomar providências urgentes contra dois tipos de intrusos que atualmente assediam os campos de jogo. Primeiro, torcedores que invadem o campo, qualquer que seja seu intuito, têm que ser severamente punidos nos foros criminais e o clube mandante do respectivo jogo duramente condenado nos tribunais desportivos. Caso isso não seja feito, em breve chegará o dia em que lamentaremos a agressão violenta de um protagonista, jogador ou árbitro, talvez com consequências fatais. O outro invasor a coibir no futebol é o “novo gandula” – agora, depois do exemplo da LDU contra o Fluminense, em Quito, a “equipe de novos gandulas”. Essa figura passou a influir no resultado e em breve estará até entrando em campo e chutando a bola de jogo. A omissão da FIFA em ambos os casos é imperdoável... b) Também acho (como a FIFA) que o uso dos meios eletrônicos afetará a dinâmica do futebol, mas como o jogo se tornou muito mais rápido, os árbitros têm que apresentar um condicionamento físico muito superior ao de hoje e devem ser testados e observados periodicamente. c) Finalmente, uma observação: recentemente tenho visto jogos em que árbitros permitem um intervalo, em cada tempo de jogo, para os atletas se refrescarem nos dias de grande calor. Mas ultimamente não vi qualquer árbitro dando um descanso para atletas (com falta de ar) para aspirarem oxigênio em jogos disputados em altitudes elevadas. Acorda FIFA !

30 de nov. de 2009

PESQUISA, DIFUSÃO, VELUDO CHECO, OLIVEIRA DE BARREIROS

1. Evolução em Pesquisa & Desenvolvimento – sob esse título recebi mais uma valiosa contribuição do meu colega Carlos Roberto dos Santos Moura, engenheiro civil, Presidente da FEBRAE – Federação Brasileira de Associações de Engenheiros. Aborda tema da maior importância para o futuro do Brasil, que tem sido relegado ao esquecimento. Eis o texto: “O investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) é fundamental para a evolução tecnológica de um país. De acordo com o Manual Frascati, da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), são definidas como atividades de P&D: “todo o trabalho criativo efetuado sistematicamente para ampliar a base de conhecimentos científicos e tecnológicos e o uso desses conhecimentos para criar novas aplicações”. São três as atividades consideradas pelo referido manual: “a investigação básica, trabalhos experimentais e teóricos para obtenção do fundamento de fenômenos e fatos observados, sem pensar em aplicações; a investigação aplicada, trabalhos para adquirir novos conhecimentos com um objetivo específico; e desenvolvimento experimental, trabalhos sistemáticos de aproveitamento dos conhecimentos existentes, dirigidos para a produção de novos produtos, processos e serviços ou melhoria dos já existentes”. Os dados disponíveis no Ministério de Ciência e Tecnologia, referentes ao investimento brasileiro em P&D em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), são insatisfatórios, quando comparados aos de outros países, embora tenha havido uma ligeira ascensão, entre 2005 (0,97% do PIB) e 2008 (1,13%), após uma queda no período 2001 (1,04%) a 2004 (0,90%). Para efeito comparativo, mencionamos os percentuais referentes a alguns países desenvolvidos ou em desenvolvimento (valores conhecidos mais recentes): Alemanha 2,54% (2007); Austrália 2,01% (2006); Canadá 1,82% (2008); China 1,49% (2007); Cingapura 2,61% (2007); Coréia do Sul 3,47% (2007); Estados Unidos 2,68% (2007); França 2,08 (2007); Japão 3,44% (2007); Reino Unido 1,79% (2007). A comparação, entre diferentes países, dos percentuais aplicados em P&D é bastante confiável, tendo em vista que se baseia em metodologia consolidada e aceita internacionalmente. Assim, verifica-se ser imperiosa a necessidade de serem aumentados os investimentos do Brasil em P&D, para que possamos almejar, efetivamente, o status de nação desenvolvida. As aplicações em pesquisa e desenvolvimento são compostas por investimentos públicos (federais e estaduais) e empresariais (empresas privadas e estatais). Além do aumento do dispêndio na área federal, especialmente por meio dos programas de pós-graduação e pelas estatais federais, o Governo deve avaliar a conveniência de incentivos fiscais para a iniciativa privada investir em pesquisa e desenvolvimento. Hoje, em nossa economia globalizada, é indiferente para as empresas instalarem centros de pesquisas na Índia ou no Brasil. A escolha é função das vantagens oferecidas.” Carlos Roberto dos Santos Moura
2. DIFUSÃO – Neste momento está se desenrolando em Lisboa a Cúpula Ibero-Americana sobre “Inovação e Conhecimento”. Esse Bloco de países tem seu ponto mais fraco exatamente nos resultados medíocres no setor estratégico de P & D. E eu enfatizaria ainda outro problema dessa área, que merece nossa atenção: as dificuldades visíveis na difusão científica. Tanto na disseminação para especialistas – que interessa aos campos acadêmico e produtivo - quanto naquela voltada para a circulação de informação em ciência e tecnologia para o público em geral - que está na esfera de ação do setor educacional, no combate ao chamado “analfabetismo científico”. Aliás, um acordo na Cúpula em andamento, sobre a troca de informações científicas e tecnológicas entre os países-membros seria um passo importante. Mas temo que a tentação de se intrometer nos negócios de Honduras - a “vítima da vez” dos tiranetes sulamericanos – suplante a oportunidade de fazer algo realmente relevante para nossos países.
3. COMUNISMO REPUDIADO ! - Os checos comemoraram 20 anos da sua “Revolução de Veludo”, de 17 de novembro de 1989, que culminou em dezembro do mesmo ano com o fim da dominação soviética e do regime comunista na Tchecoslováquia. Em 1968 eu presenciara na UNESCO a rebeldia dos checoslovacos, alegres e descontraídos como nunca se vira antes, expressando opiniões que feriam os dogmas comunistas. Os sonhos de liberdade, porém, logo foram esmagados pelos tanques soviéticos. Foi o fim da “Primavera de Praga”, um experimento de “socialismo com face humana” comandado pelo líder do Partido Comunista da então Checoslováquia, Alexander Dubcek. O movimento representava o desabrochar da democracia atrás da Cortina de Ferro. Mudanças inéditas no bloco socialista foram adotadas no país: imprensa livre, Judiciário independente e tolerância religiosa. Dubcek introduziu reformas políticas e econômicas, com o apoio do Comitê Central. Mas os tanques soviéticos foram implacáveis. Lembro-me que os “intelectuais” da esquerda brasileira, sempre tão atuantes em favor da liberdade, não soltaram um simples gemido contra a crueldade comunista. Porém, em 1989 não teve jeito e o “paraíso” comunista foi enterrado para sempre. Por Praga passaram todas as grandes tiranias recentes e que lá ainda são visíveis. O nazismo, cujos traços genocidas – o gueto – encontram-se em Josefov, o bairro judeu. E o comunismo, muito bem retratado em Mala Strana, através de comoventes estátuas humanas de metal que se vão desfazendo à medida que caminham e o tempo passa. De forma genial, é assim que os checos rememoram a opressão comunista, a qual vai desintegrando a individualidade até sua destruição total. 4.OLIVEIRA DE BARREIROS – uma pequena aldeia portuguesa próxima a Viseu, de onde se avistam as neves eternas da Serra da Estrela. Situada na região do Rio Dão, famosa pelo vinho tinto de excepcional qualidade. Terra onde meu pai nasceu, em 1898; e de onde saiu para o Rio de Janeiro em 1916. Graças ao milagre da internet, descobri o blog “Oliveira de Barreiros, grandes amigos”, de autoria de Carlos Pereira e Armando Luís, em http://oliveiradebarreirosgrandesamigos.blogspot.com e fiz.contacto imediato, é claro... Nele, muitas informações para matar as saudades da terrinha querida até a próxima viagem, a oportunidade do reencontro de primos antes desconhecidos e muitas outras alegrias. Enfim, uma festa. Pena que seus vinhos – Pedra Cancela, Quinta de Reis, Vinha Paz – não cheguem ainda ao Brasil. Todos que apreciam o artigo iriam gostar muito...

26 de nov. de 2009

INSS, IPEA, EMPREGO, FILME 2012, DOPING

1. “CLOCHARD” OU “SANS PAPIER” ? – Trabalho, desde sempre, foi um valor fundamental em minha vida. Tive o exemplo de meus pais, imigrantes à busca de um lugar ao sol, trabalhando duro, cotidianamente, sem esmorecer, sempre com alegria. Ganhando seu dinheiro suado no pequeno comércio, economizando tostões para ter uma vida digna. Nada de grandes negócios - em que se ganha uma fortuna de comissão da noite para o dia ou se fica milionário explorando o contacto político certo ou ainda capitaneando uma ONG bem apadrinhada e recebendo farto dinheiro público. Não ! Sempre trabalhando duro... E assim foi minha carreira profissional. Antes, eu ganhara algum dinheiro dando aulas particulares de Matemática, Química e Geometria Descritiva, mas foi no início de 1959 que tive meu primeiro trabalho formal, como estagiário de Engenharia, na Cavalcanti-Junqueira, uma empreiteira poderosa da construção civil. No ano seguinte fui para a CONSULTEC, empresa pioneira de Consultoria, onde permaneci até janeiro de 1965. Atendendo ao convite de Roberto Campos, em fevereiro de 1965 fui dirigir o Setor de Desenvolvimento Social do IPEA, lá permanecendo até janeiro de 1972, com o cargo de Secretário-Executivo do Centro Nacional de Recursos Humanos. Tive uma breve passagem como Consultor pela FGV e convidado por Mario Henrique Simonsen assumi a Secretaria-Executiva do MOBRAL, em abril de 1972, de onde saí em março de 1981, quando já era Presidente do órgão. Fui Consultor da Presidência da Confederação Nacional da Indústria de 1972 a 1974. Em 1992/1993 trabalhei com Walter Clark na Fundação Roquette-Pinto e com ele mesmo tive mais tarde uma curta passagem pela MULTIRIO, empresa municipal que atua em tecnologias educacionais. De 2003 a 2006 fui Subsecretário-Adjunto da Secretaria de Estado de Trabalho e Renda do Estado do Rio de Janeiro, a convite do Secretário Marco Antonio Lucidi. A partir de 1981, desde que saí do MOBRAL, gerenciei minha própria empresa de Consultoria nos intervalos entre os cargos mencionados. Mas tudo isso foi apagado. Em 1999 comecei a cuidar de minha aposentadoria no INSS, que me foi concedida em janeiro de 2000, mas cujas pensões só passei a receber em dezembro de 2002. Até hoje espero pelos atrasados não pagos. Talvez por esse motivo, anteontem recebi uma singela cartinha do INSS, pedindo meu comparecimento urgente a uma de suas Agências e exigindo os originais de meus documentos, como se para eles eu não existisse: CPF, Identidade, Cartão do PIS/PASEP, Atestado de residência (recebi a carta em casa), Certidão de Nascimento ou Casamento etc. Mas mais estranho é que pediam também a Carteira de Trabalho e os Carnês pagos ao INSS – documentação que está desde 1999 com o próprio INSS, pois fez parte de meu processo de aposentadoria. Ontem fui lá e fiquei surpreso: eu não tenho Carteira de Trabalho, portanto nunca trabalhei; não tenho carnês, logo nunca descontei para o INSS e assim por diante. Meu processo sumiu, tenho que provar que entreguei os tais documentos sob as penas da lei e estou sujeito à perda da imerecida aposentadoria. Não sei como me definir: nestes 50 anos fui um eterno vagabundo, uma vocação de “clochard”, frequentador do “cour des miracles” ou sou um reles “sans papier”, um daqueles seres vagantes pelas igrejas de Paris, sempre gritando por seus direitos e de quando em vez candidatos aos “casse-têtes” da Polícia Francesa ? Nada disso, sou apenas mais um brasileiro vítima dos descaminhos da burocracia governamental e da sua vocação irrefreável para o “calote”, agora vergonhosamente oficializado pelo Congresso brasileiro, que nega a credores legítimos o pagamento dos precatórios. Porém podia ser pior: o INSS decretar, por exemplo, que eu não existo ou que já existi mas estou morto. E não seria a primeira vez que o INSS “desencarna” um pensionista inconveniente, que ousa querer receber suas pensões todo mês...
2. SER OU NÃO SER - Brincadeiras à parte, a sensação que me ficou do episódio foi um desagradável vazio... Até sonhei com ele. A burocracia sabe ser “kafkiana”, cria verdades próprias e indesmentíveis. Eu já tivera esse mesmo tipo de sentimento anteriormente. Por exemplo, quando publicaram um livro sobre os 40 anos do IPEA, fiquei sabendo que eu talvez nem tenha trabalhado lá. Desapareci como aqueles membros proeminentes do Partido Comunista que Stalin matava e apagava dos retratos oficiais. Afinal foram 7 anos de grande dedicação, 12 a 14 horas de empenho por dia. E sob minha direção foram publicados 140 trabalhos, alguns de grande envergadura e repercussão internacional como o Diagnóstico de Educação e Mão-de-Obra, o Diagnóstico de Educação Física e Desportos, os Planos Decenal do Governo Castello Branco, o do Governo Costa e Silva, o do Governo Médici (nos capítulos referentes a Educação e Mão-de-Obra, sempre coordenados por mim). Ainda em relação ao IPEA, li recentemente um artigo de uma Professora da UNICAMP afirmando que o Diagnóstico de Educação teria sido elaborado por mim e pelo Prof. Davi Carneiro. Davi Carneiro, excelente pessoa, não teve - nem pretendeu ter - qualquer participação no trabalho...Apenas utilizamos os dados de uma pesquisa de sua empresa sobre ensino superior, o que fizemos com dezenas de outros estudos e pesquisas de diferentes proveniências. Em relação ao MOBRAL, então, as mentiras que andam por aí são tantas e tão bizarras e despudoradas que às vezes não sei se devo rir ou chorar. Mas de uma coisa estou certo: um dia a verdade prevalecerá...Não sei é se vou receber esses atrasados do INSS !
3. PONTO PARA LUPI – Lula previu que o Brasil criará 1,3 milhão de empregos formais em 2009. Lupi, seu Ministro do Trabalho, “botou banca” e “chutou” algo entre 1 e 1,1 milhão de novos postos de trabalho. Nesse “duelo de competências” aposto em Lupi, que ficará mais próximo da verdade. Mas o que ambos deveriam ter em mente é que, anualmente, temos que criar entre 1,5 milhão e 2 milhões de empregos, para satisfazer a oferta de trabalho da população que chega à idade ativa. Vocês se lembram que Lula prometeu que criaria 10 milhões de empregos em 4 anos de seu primeiro mandato ? Já está no fim do segundo e nada... 4. HECATOMBE - Agora foi o Rodoanel de José Serra, que já vira naufragar outras obras de grande porte sob sua responsabilidade, como o Metrô. Dias antes, fomos surpreeendidos pelo “apagão do Lula”, em que sua ex-Ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef, teve participação ativa. E o “apagão do PT” está dando filhotes, com pequenos blecautes em Ipanema, Leblon e outros bairros cariocas. Sob Dilma, a ANEEL já “garfara” 7 bilhões de reais dos consumidores brasileiros, por desconhecer em seus cálculos que a população brasileira cresce a cada ano. Com tais candidatos à Presidência, os desastres espetaculares do filme 2012 passam a ser possíveis, pelo menos em termos de Brasil...
5. DOPING – Surgiu uma nova e promissora arma contra esse crime: o passaporte biológico, que inclui um conjunto de parâmetros sanguíneos do atleta que podem ser posteriormente comparados com os resultados dos testes antidoping efetuados posteriormente. As descontinuidades paramétricas podem denunciar o doping. Os atletas são testados de surpresa e em qualquer hora e lugar. Ficará mais difícil essa prática condenável e desumana. Ainda bem !

20 de nov. de 2009

SUSTENTABILIDADE, CULTURA E FUTEBOL

1. COPENHAGEN - Volto a recorrer a Harald Hellmuth, meu colega na Escola Nacional de Engenharia, usando um fragmento de seu ensaio sobre a situação do Brasil quanto à sustentabilidade e sua posição na COP 15. Eis seu texto: “O Brasil tem uma população de 190 milhões de habitantes - 15% da população chinesa. Cerca de 40 milhões de brasileiros vivem ainda em condições inaceitáveis e se encontram, principalmente, na Amazônia, Nordeste e em aglomerações urbanas chamadas favelas. Nosso esforço de desenvolvimento deveria estar focalizado no resgate desses contingentes mas infelizmente, até hoje, não existe uma estratégia consistente com este objetivo. Na China, os esforços são orientados a propiciar, à população pobre rural, oportunidades de trabalho com produtividades que gerem rendas compatíveis com melhores condições de vida. No Brasil, até agora, as políticas públicas foram paliativas, de redistribuição de renda, estimulando apenas indiretamente o crescimento da produção. As oportunidades de ocupação seriam criadas pelo mercado. Iniciativas de reforma agrária não produziram os resultados imaginados. A consciência da dívida social inspirou a formulação das “responsabilidades compartilhadas, porém diferenciadas”, consagrada na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), que deu origem ao Protocolo de Quioto. Nele, o Brasil ficou entre os países não comprometidos com metas de redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE). Partia-se do princípio que o desenvolvimento econômico e social necessário causaria, inevitavelmente, aumento de emissões. Esta percepção mudou diante dos desenvolvimentos ocorridos nas demais sociedades e o Brasil está sendo induzido à apresentação de metas. Quanto ao problema das Mudanças Climáticas, o fato básico é a posição do Brasil como quarto maior emissor de GEE: 55% das nossas emissões são causadas pelo desmatamento - principalmente mas não exclusivamente da Floresta Amazônica - e 25% pelas atividades agrárias e pecuárias. O desflorestamento não tem contribuído significativamente para a diminuição da pobreza e é desnecessário para o desenvolvimento da economia. Sob um regime de governo democrático e uma economia liberal de mercado as soluções dos problemas econômicos, sociais e ambientais são dependentes das evoluções das percepções na sociedade. A Sociedade Civil, desde os anos 80, tem exercido influência importante no desenvolvimento institucional, na formulação de políticas públicas e sobre o setor produtivo. Mas pode se encontrar na dimensão e na diversidade do país uma explicação parcial para a dificuldade da convergência para um projeto nacional de desenvolvimento, integrando as três dimensões da sustentabilidade. Por outro lado, as circunstâncias felizes da matriz energética com predominância da hidroeletricidade e da liderança no emprego do biocombustível etanol têm servido para desviar a atenção do nosso atraso na solução dos problemas estruturais acima abordados. Ainda assim, a situação do Brasil é em princípio cômoda. As tecnologias com que os demais países aumentam a eficiência energética e reduzem as emissões – nos prédios e eletrodomésticos, nas indústrias, nos transportes e na geração de energia, na agricultura – ingressarão automaticamente no país e os modelos de incentivo conhecidos podem ser adaptados sem dificuldades às circunstâncias locais. Mesmo reticente na avaliação do problema do desmatamento, estudo da McKinsey&Company indica que o Brasil tem um grande potencial para reduzir emissões. Devido à particularidade da predominância da origem hídrica na energia elétrica, o aumento da eficiência energética nas indústrias, nos prédios, na iluminação e nos eletromésticos tem uma participação relativamente menor na queda das emissões do que nos outros países. Entretanto, a redução possível do consumo, estimada em 20%, corresponderia a uma diminuição da necessidade de novos investimentos na geração de energia na ordem de grandeza de 30% da capacidade total instalada. Adicionalmente, a exploração do potencial de energia eólica, estimado ser da ordem de grandeza da capacidade de geração hoje instalada, torna desnecessária a construção de novas usinas hidrelétricas e de longas linhas de transmissão na Amazônia. As indústrias são motivadas à racionalização de seus processos produtivos para se manterem competitivas. Cabe ao Estado estimular tanto o setor produtivo como os consumidores a contribuir para o aumento da eficiência energética. Tais esforços servem também para movimentar o mercado interno e gerar ocupação. Mas de forma alguma o problema social do resgate de numerosos contingentes da pobreza será resolvido espontaneamente “pelas forças do mercado”. No Brasil, o aumento da eficiência energética contribuirá com o máximo de 6 a 7% na redução das emissões de GEE. Falta no Brasil a percepção de que problemas que abrangem grandes contingentes da população e extensas áreas territoriais são da responsabilidade do Primeiro Setor – Governo e Estado. Também não existe ainda a percepção de que a floresta não oferece oportunidades de trabalho com produtividade bastante para uma renda que sustente uma situação de bem-estar desejável. Por conseqüência, não se percebeu ainda que a possibilidade de resgate dos contingentes mais pobres da população está fora da floresta, em ocupações industriais urbanas, como no modelo chinês. No caso do Brasil, extensos projetos de reflorestamento ocupariam outras centenas de milhares de famílias. O fim do desmatamento e a recuperação de áreas degradadas são as maiores oportunidades para o abatimento de GEE no Brasil. Essas ações não dependem de novas tecnologias e os seus custos são comparativamente baixos. Estima-se que as duas medidas executadas simultaneamente e em conjunto com o aumento da eficiência energética e iniciativas no setor agrícola podem converter o país num sumidouro líquido de GEE em apenas 10 anos. Dessa forma o Brasil tem uma possibilidade ímpar de contribuir numa trajetória de desenvolvimento direcionada à Meta Necessária: detém condições/capacidade de planejar/executar os projetos correspondentes e os problemas são conhecidos e bem divulgados. Mas precisa ainda ocorrer uma ruptura – ou atualização – de percepções para que uma mobilização nacional para o Desenvolvimento Sustentável se torne possível. É desejável que as expectativas e os condicionamentos gerados pela COP 15 venham a induzir essas novas percepções.” Harald Hellmuth 2.MÚSICA - Cinquentenário da morte de Heitor Villa-Lobos, gênio que soube captar os sons das terras e gentes brasileiras e transformá-los em arte universal. No MEC, fui colega de Mindinha, sua segunda mulher, incansável Diretora do Museu Villa-Lobos e admiradora do MOBRAL. Era onipresente nas solenidades de nossa área cultural, com sua amiga Elisa Carrazoni, Diretora do Museu de Belas Artes. Sempre a incentivar-nos com seu sorriso, irradiando simpatia. Villa-Lobos acreditava em Educação e influiu para que minha geração estudasse Música no colégio e aprendesse a inesquecível manossolfa (sistema de sinais que transmite uma melodia pela posição dos dedos e mãos). 3.EMPREGO - O Governo comemora o resultado do CAGED, que em outubro registrou 231 mil novos empregos, acumulando 1.160.000 novos postos de trabalho desde janeiro. Omite que no mesmo período do ano de 2008 esse número chegou a 2.046.000, 75% maior que este ano. Ignora o desemprego total próximo de 10% no Brasil. De qualquer modo, o resultado é bom, indicando estabilidade nas oportunidades de emprego formal nos últimos meses e sobretudo marcando a recuperação da Indústria de Transformação - que gerou 75 mil postos de trabalho no mês, acumulando saldo de 137 mil empregos no ano. Mas precisamos anualmente de 2 milhões de novos empregos para atender aos jovens brasileiros que chegam ao mercado. 4.FUTEBOL - Vendo na TV a situação de Washington, ex-craque do Fluminense que sofre de uma doença degenerativa e precisa de ajuda financeira, lembrei-me de um fato inusitado, em face dos personagens envolvidos. A pedido do então Presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (FERJ), Eduardo Viana, elaborei um projeto para pedido de financiamento ao Ministério do Esporte, então dirigido por Pelé. Tratava-se da “Casa do Jogador de Futebol”, que Eduardo Viana sonhava implantar em terreno pertencente à FERJ, com a finalidade de prover, a ex-jogadores de futebol necessitados, residentes em nosso Estado, a possibilidade de pernoite e um atendimento médico ambulatorial com posterior encaminhamento, quando fosse o caso, a unidades de tratamento dotadas de maiores recursos técnicos. Por incrível que pareça o Ministério e seu titular jamais se dignaram sequer a responder ao pleito da FERJ. O então Ministro enriqueceu como jogador de futebol e sua omissão em relação aos carentes foi, para mim, imperdoável. Em seu curto reinado no Governo essa foi a milésima “bola fora” de Pelé...

12 de nov. de 2009

PLANEJAMENTO SEM IPEA

1.Carlos Roberto dos Santos Moura, Presidente do Clube de Engenharia de Brasília e da Federação Brasileira de Associações de Engenheiros foi meu colega de turma, no Mello e Souza e na Escola Nacional de Engenharia, do 5º ano primário ao 5º ano de Engenharia. Pouco antes da reeleição de Lula, ele escreveu o artigo intitulado “Onde estão as ações pró-desenvolvimento?”. A situação pouco mudou, a sucessão já chegou e vale a pena transcrevê-lo, dando conta das preocupações com o vazio de ideias dos nossos governantes que, no lugar dos remendos rodoviários daquela época, inventaram as obras eleitoreiras do PAC. O resto é o mesmo, como o artigo mostra bem:
2.”Eleições majoritárias se aproximando e daqui a alguns dias seremos atropelados por inúmeras propostas e ideias de melhoria para o nosso país. Candidatos não pouparão espaços na TV e no rádio para atrair votos. Para isso, muitos apelam para promessas esdrúxulas, inviáveis, utópicas, mas que à primeira vista atraem a todos, pois são anseios da população. Governar um país envolve dezenas de variáveis que devem ser harmônicas entre si. Como engenheiro, sei da importância das partes para sustentação de um conjunto. Ser eleitor no Brasil é ter a sensação de estar sendo enganado. Nunca vimos um governo tão repleto de casos de corrupção, envolvendo dezenas de parlamentares – aqueles que deveriam estar nos representando no Congresso Nacional e ser modelo para o resto do país. Rogo para que todos pesquisem o histórico, a vida e as propostas de cada candidato para que esta vergonha dos nossos políticos que sinto, e sei que muitos sentem, possa se transformar em orgulho. JK foi um presidente único, com características singulares. Firme, porém aberto a conversas e concessões, ele sabia retirar o que de bom cada um podia dar e prosseguir rumo aos seus objetivos. Na condução do país, nos proporcionou inúmeros ganhos. Ele sabia que havia muito o que melhorar no Brasil. Assim, estipulou 30 metas que poderiam ser alcançadas em cinco anos de governo. A maioria delas foi cumprida de maneira satisfatória. Tudo isso prova, sim, que é possível mudar um país. Ao se definir diretrizes e colocar seu “time” para jogar com vontade, garra e de forma limpa, honesta e íntegra, alcançam-se os objetivos. Há que se ressaltar que, entre as 30 propostas do Plano de Metas de JK não estava Brasília. A capital federal foi um sonho à parte. Ela entrou no Plano de Metas, a posteriori, como a Meta-Síntese. O Plano se concretizou devido a uma única palavra: obstinação. Num balanço rápido sobre os anos JK, podemos citar de relevante: a criação das indústrias automobilística e naval; a construção das primeiras grandes hidrelétricas e de rodovias; o aumento da produção de petróleo, papel, aço e cimento; a instalação de mais de 400 multinacionais no país. É claro que não podemos ser ingênuos em relação a todos esses resultados, pois como conseqüências trouxeram a instabilidade econômica e monetária, com todas suas mazelas e seqüelas. É lógico, também, que as condições atuais do mundo globalizado e do Estado brasileiro são muito diversas das que existiam há 50 anos, e o planejamento moderno é muito mais estratégico, devendo suas metas serem mais indicativas que impositivas. Entretanto, sua importância permanece, pois não há vento favorável a uma nau sem rumo... O Brasil de hoje vive o oposto do governo Juscelino. Temos estabilidade econômica e cumprimos os acordos internacionais, mas, sem metas nem planos, a população sofre, as estradas estão deterioradas, o desenvolvimento industrial é irrisório. Temos muito da política de pão e circo criada pelo império romano. Para alguns pode ser exagerada a comparação, entretanto o programa Fome Zero, que não resolve o problema de geração de emprego e renda, cumpre o papel da política romana do pão enquanto o circo é proporcionado pelo Congresso Nacional, com sua imagem suja pela participação de parlamentares que estão sendo investigados em várias CPIs como as do Bingo, dos Correios, do Mensalão e, a mais recente, dos Sanguessugas. As ações concretas em favor do desenvolvimento ficam em segundo plano em meio a tanta corrupção. E mesmo as que são implementadas, o são de forma precária, sem comprometimento sério. Exemplo disso é o Programa Emergencial de Trafegabilidade e Segurança nas Estradas (PETSE), conhecido como operação tapa-buracos. Instituído pelo governo Lula para melhorar as condições das rodovias do país, utilizou recursos de forma inapropriada, marcada por superfaturamentos – quem viaja pelas estradas verifica que muito pouco foi realizado, sendo perceptível ainda que as técnicas e os materiais de restauração não são dos melhores. Um retrato do nosso atual governo.” Carlos Roberto dos Santos Moura
3. Fui do IPEA de 1965 a 1972. O período de maior intensidade de trabalho em minha vida profissional. Idealismo, em favor da reconstrução de um País minado pela incompetência. O vácuo de ideias que caracteriza o atual Governo é em parte o resultado da decadência do IPEA, concebido pelo Ministro Roberto Campos para pensar o futuro do País. Campos e Lucas Lopes haviam sido responsáveis pela elaboração do Plano de Metas de Juscelino, citado acima por Carlos Roberto,cujo principal objetivo era a aceleração do processo de industrialização brasileiro. O IPEA não desmereceu a confiança de Campos e marcou época na vida nacional com trabalhos portentosos, idéias brilhantes, conquistando grande força política. Hélio Beltrão sucedeu Campos e manteve o prestígio do órgão, mas não acreditava em planejamento e declarava-se a favor da extinção do Ministério. Na prática conseguiu seu intento, ao influir para que João Paulo dos Reis Veloso fosse seu sucessor. Fraco politicamente, buscando apenas administrar sua própria permanência no cargo, Veloso reduziu o IPEA à sua própria estatura. O órgão passou a ser uma fonte dispendiosa de estudos e pesquisas sem consequências, desprovido de prestígio. Hoje, a situação piorou, pois o IPEA politizou-se e é mais um aparelho do partido do nosso “pelego-supremo”.

4. As consequências são péssimas. Lembrando que o IPEA construiu, pela primeira vez, ao final da década dos 60, a “Matriz Energética Brasileira”, dou um exemplo ilustrativo de sua falta: o “apagão elétrico” de FHC ocorreu por absoluta falta de planejamento - como acertadamente disse a Ministra Dilma, há poucos dias.

5. Queimando a língua da candidata, o “apagão elétrico” de Lula veio logo a seguir mas, diferentemente, foi fruto da incompetência na gestão do sistema. Aliás, o erro elementar da ANEEL, que aumentou nossas contas de energia em 5 bilhões de reais, já soara o alarme do desvario técnico que impera no comando do setor.

9 de nov. de 2009

POLÍTICA, REPÚBLICA SINDICALISTA, SUSTENTABILIDADE

1. MURO DE BERLIM – Estive olhando, na DEUTSCHE WELLE, as emocionadas comemorações dos 20 anos de derrubada do Muro da Vergonha, erigido pelos comunistas para impedir a fuga do povo para o lado ocidental. Até hoje o Governo alemão coloca 30 bilhões de euros anuais no lado oriental, visando reduzir as desigualdades decorrentes do caos econômico do regime pró-soviético. A renda per capita do lado comunista era 40% da ocidental em 1989 e agora é 70%. Mas comemoremos, pois afinal o mundo pode apreciar a beleza alegre de Berlim, que sobreviveu a Hitler e Stalin – o que é dose ! - e a liberdade do povo alemão vale o preço...
2. A HORA DO BANHEIRO - A imprensa brasileira tem “gozado” o Presidente Chávez e sua escalada autoritária. Agora, por exortar sua população a limitar a 3 minutos o banho de chuveiro e por promulgar uma legislação pela qual dois aumentos seguidos da conta de energia elétrica do consumidor implicarão em corte do fornecimento. Há quem, ironicamente, afirme que no caso de guerra contra a Colombia, Chávez determine os horários permitidos para os bolivarianos “irem ao banheiro”. Concordo com as críticas. Só não entendo o silêncio obediente da mídia brasileira em relação a interferências tão ou mais ridículas de nossos Governos, tolhendo nossa liberdade. Exemplos: há dois anos fomos proibidos de comprar pão por unidade; mais recentemente, idem em relação à prosaica banana nossa de cada dia. Antes dessa ridicularia, pagávamos o pãozinho a 20 centavos a unidade e hoje o preço pode chegar a 50 centavos, sem motivo que justifique esse aumento de 150%, pois a maior parte do trigo é importada da Argentina a preço baixo e o dólar ainda caiu sensivelmente no período. Macacos nos mordam se em breve tivermos a inflação da banana... Uma reação midiática apenas modesta acabou de acontecer, quando do anúncio da esdrúxula medida de mudar todas as tomadas do Brasil e adotar um “design” sem similar no mundo, quando a utilização do já existente “modelo universal” seria a lógica. Governos que interferem em nossas vidas nesse nível, também poderão, pouco adiante, tolher liberdades muito mais importantes. É uma questão de “cabeça”, de ideologia... E na nossa “república sindicalista” abundam os pequenos Stalins nos terceiro e quarto escalões...É claro que não podemos esquecer outras intervenções, igualmente danosas, sobre as quais pesa suspeição de corrupção. Quem não se lembra do gracioso “kit do DETRAN” e daquela proibição de venda de álcool líquido pelo Ministério da Saúde, que queria impor-nos o álcool em gel como obrigatório ? A liberdade e nossos direitos civis têm dimensões das quais o povo nem se dá conta e os ditadores de plantão aproveitam-se disso para roubá-los.
3. PROMISCUIDADE INSTITUCIONAL - O Senado somou, ao seu rosário de pecados mortais, o “corpo mole” em relação à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de cassar o mandato de um Senador fraudador de eleições. Atentado aos princípios democráticos mais sagrados. Por sua vez, o STF é culpado de tomar decisões que atropelam as atribuições do Executivo e do Legislativo. De outro lado, com suas várias Medidas Provisórias, Lula confisca o poder de o Congresso legislar. Vivemos uma deplorável “bagunça institucional”...
4. REPÚBLICA SINDICALISTA - O excelente jornalista Élio Gaspari, em seu livro “A Ditadura Derrotada”, afirmou que fui eu quem usou pela primeira vez, em 1962, em um documento elaborado para o IPES, a expressão “República Sindicalista”. Textualmente, escreveu Gaspari: “o Instituto teve seu momento de brilho quando o jovem engenheiro Arlindo Lopes Corrêa, num trabalho intitulado "Conquista das classes médias para a ação política em grupo", usou a expressão República Sindicalista para designar o que seria o projeto de poder da esquerda. Nunca se soube o que fosse, assim como não se encontrou nenhuma pessoa ligada ao Governo Goulart que pudesse defini-la.” Desde que li o livro de Gaspari, não mais tive o prazer de encontrá-lo, pois lhe faria uma observação e satisfaria sua curiosidade. Dir-lhe-ia que afinal jamais me perguntaram o que significava a expressão. E afirmaria que agora a definição ficou fácil, uma vez que a República Sindicalista de então seria isso que aí está hoje, em nosso Brasil varonil, mas com Stalin dominando o primeiro escalão – e não, como atualmente, relegado a Ministérios e escalões sem poder, enquanto nosso “pelego supremo” é íntimo dos capitalistas mais selvagens e banqueiros, a quem vem de desejar ainda maiores lucros.
5. AJUDE A NATUREZA - Você ama a Natureza e quer preservar nosso planeta ? Há muitas medidas bem simples, ao alcance de todos nós, que têm um efeito muito relevante sobre a sustentabilidade. Comece imediatamente e ensine a seus filhos e netos. Siga, a partir de agora, os princípios básicos: reduza seu consumo sempre que viável, reutilize o que puder e facilite a reciclagem de tudo ao seu alcance. Lembre-se: chuveiros elétricos e geladeiras mais eficientes, aquecedores de água mais econômicos, uso mais amplo de termostatos, pneus cheios e bem calibrados, veículos dirigidos com perícia e baixo consumo de combustível, manutenção regular dessas viaturas, redução de aparelhos eletrônicos em stand-by, secagem de roupas preferencialmente ao sol, uso de carros particulares em “pool” de vizinhos e co-utilização de viaturas, são algumas dessas medidas e seu impacto é formidável !

3 de nov. de 2009

EDUCAÇÃO, ESPORTE, SUSTENTABILIDADE

1 GARGALO QUALITATIVO - As deficiências qualitativas da educação básica brasileira não se restringem às escolas públicas. Tal fato fica bem claro na matéria da revista VEJA RIO desta semana, que mostra a árdua e precoce competição que crianças e adolescentes enfrentam, disputando uma vaga nos estabelecimentos de ensino cariocas identificados como de melhor qualidade pelos seus pais. Claro que esse fato poderia ser considerado natural nos poucos educandários gratuitos de bom nível, como os Colégios de Aplicação mantidos pela UERJ e UFRJ, mas na rede particular, em que a mensalidade é sempre superior a 500 dólares, a procura desenfreada mostra a lamentável escassez do ensino de qualidade. Temo também que muitos pais, ao terem seus filhos reprovados nesses “vestibulinhos”, reajam negativamente em face do insucesso e acabem por traumatizar os pequenos estudantes. Aliás, tive essa experiência, que explicarei a seguir, mas sem maiores consequências. Essa conjuntura, por outro lado, mostra a conscientização das classes médias cariocas acerca da importância da educação na determinação do futuro de seus filhos, o que infelizmente é uma aspiração ainda rara nas camadas sociais mais carentes, que por enquanto lutam apenas pela simples sobrevivência, já massacradas cotidianamente pela ineficácia do SUS, do transporte e da segurança pública. Se estivessem conscientes de como a escola pública brasileira de má qualidade sonega oportunidades de um futuro melhor a seus filhos, certamente teríamos uma seleção mais acurada dentre os candidatos nas eleições brasileiras. Reformar a educação pública dá trabalho e exige conhecimento e renúncia ao aplauso fácil, sendo preciso contrariar interesses e enfrentar a impopularidade. Não é coisa para políticos e sim para estadistas...
2. SELETIVIDADE NA EDUCAÇÃO - Minha ampla casa na Rua Visconde de Pirajá 302 era gêmea da casa ao lado, onde funcionava o Colégio Bernadette, cuja Diretora, D. Iracema, muito católica, com seus óculos grossos, claudicante, andando sempre amparada pelas sobrinhas, parecia muito enérgica, como se exigia na pedagogia de então. O Bernardette oferecia curso primário e jardim de infância. Eu costumava subir em um banquinho e ver as crianças brincando no recreio, com muita inveja, talvez por ser filho único, solitário. Mas nunca estudei lá. Quando chegou a hora, em 1944, meus pais me inscreveram no Henrique Dodsworth, escola pública no Jardim de Alah, de bom nível pedagógico, frequentado pelos filhos das famílias de classe média alta de Ipanema - autoridades, funcionários públicos civis e militares. Era muito comum que algumas escolas públicas de bairros ascendentes do Rio de Janeiro – então a Capital da República - tivessem um nível qualitativo excelente, pois iriam servir às elites e as professoras, além de bem remuneradas, eram cuidadosamente selecionadas, muito competentes e dedicadas. E é por esse motivo que alguns saudosistas costumam lembrar da velha escola pública de qualidade, como se ela fosse regra geral. Doce engano! Existiam realmente essas escolas, de qualidade, nos meios urbanos mais desenvolvidos, mas eram pouquíssimas e extremamente seletivas, como o ensino brasileiro em geral, naquela época. Resultado: aquela escola – naquela maravilha que era o Jardim de Alah de outrora - não era para mim, filho de imigrantes apenas remediados. Taxado de “imaturo”, fui reprovado no teste que se aplicava aos candidatos à entrada no primeiro ano primário. Presumo que se tratasse do Teste de Gille, que teoricamente mediria a prontidão para a alfabetização naquele minivestibular. O resultado fora mais ou menos óbvio, pois eu jamais estudara no jardim de infância – afinal não frequentara nem o obstetra - regra geral entre as crianças que não pertenciam às famílias da elite. Meus pais não deram muita importância ao fato e me matricularam no Colégio Fontainha, particular e de bom nível, que ficava na Praça General Osório. Os outros colégios privados de Ipanema eram o Silva Mendes, na Visconde, o Guanabara na Prudente de Morais em frente à Praça General Osório, o Mello e Souza feminino na Rua Teixeira de Melo, o Rio de Janeiro no Bar Vinte e os dois femininos católicos: o São Paulo, na Vieira Souto e o Notre Dame na Barão da Torre. No Fontainha, aprendi a ler em dois meses e fui em frente. Talvez eu tenha sido salvo por aquele teste, que a classe média, bem informada, comprava na papelaria para treinar seus filhos, enquanto que os “garotos da rua” - como eu - eram trucidados naquela “provinha” bastante discriminatória. Anos mais tarde, entusiasmada com meus resultados escolares no Fontainha e depois no Mello e Souza, minha mãe costumava comentar que afinal, felizmente, os professores do Henrique Dodsworth tinham se enganado...
3. V JOGOS MUNDIAIS MILITARES - Dentre os megaeventos esportivos que ocorrerão no Rio de Janeiro, na década próxima, os primeiros serão os V Jogos Mundiais Militares, em julho de 2011, reunindo cerca de 100 países. O Rio foi escolhido para sediá-los principalmente pelo fato de já ter as instalações esportivas necessárias para sua realização, graças ao que foi construído para o PAN. Eis aí, portanto, para os polemistas, um indiscutível exemplo de legado do PAN. Os Jogos Militares reunirão cerca de 7 mil participantes, disputando 21 modalidades esportivas: Atletismo; Basquetebol; Boxe; Cross Country; Equitação; Esgrima; Futebol; Futebol de Salão (demonstração); Handebol Judô; Natação; Orientação; Pentatlo Aeronáutico; Pentatlo Militar; Pentatlo Moderno; Pentatlo Naval; - Pára-Quedismo; Tiro; Triatlo; Voleibol; e Voleibol de praia (demonstração). Efetuados a cada quatro anos, os Jogos Mundiais Militares foram criados pelo CISM (Conseil International du Sport Militaire), órgão instituído logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1948. A CDMB (Comissão Desportiva Militar do Brasil), institucionalizada em 1956, representa o Brasil junto ao CISM. Comecei a ouvir falar do CISM e da CDMB no final da década dos 60, quando chamei o Comandante Lamartine Pereira da Costa para trabalhar comigo no IPEA e elaborar o I Diagnóstico de Educação Física e Esportes de nosso País. Quando da realização dos Jogos Militares poderemos, certamente, tirar lições importantíssimas para as Olimpíadas sobre o quesito Segurança, no qual seus organizadores são mestres incontestáveis.
4. SUSTENTABILIDADE - O Wall Steet Journal mostra na edição de hoje (3/10) que a criação de animais gera nos EEUU, a cada ano, 500 milhões de toneladas de excrementos, o triplo dos dejetos dos seres humanos no País. Parte desse material vai parar, sem tratamento, em rios, lagos e no mar. Entre outros elementos, estão presentes nesse material o nitrogênio e o fósforo, causando o surgimento de algas que vão roubar o oxigênio da água. Em muitos casos, estão também contaminados com E. coli e outras bactérias que ameaçam a saúde humana. Brutal problema ambiental, que no Brasil é multiplicado várias vezes - somos hoje os maiores produtores de carnes do planeta. Ao final de minha gestão no MOBRAL estávamos tentando, juntamente com o Instituto de Pesquisas da Marinha (IPQM), dirigido pelo genial Almirante Paulo de Castro Moreira da Silva, implantar projeto visando disseminar o uso rural do biodigestor, capaz de gerar energia e fabricar adubo a partir das fezes animais e outros resíduos da atividade agrícola. Não houve tempo, mas muita coisa foi feita em favor do meio ambiente pelo Programa Tecnologia da Escassez do MOBRAL, competentemente gerenciado por Marlise Simyse Moreira Salles, auxiliada por pessoal de excelente nível como Vitório Mendes de Moraes, Regina Avelar, Tatiana Stepanenko, os designers Cleomar e Miro. No âmbito desse trabalho, promovemos o Concurso Transformação, em que nossos alunos foram chamados a mostrar o aproveitamento artístico e utilitário de resíduos, refugos, sucatas e matérias-primas abundantes e de custo irrisório. Em convênio com o Banco Nacional de Habitação (BNH), criamos o Balcão de Idéias, para apresentação, pela clientela do MOBRAL, de técnicas de construção destinadas a baratear a moradia popular. Há trinta anos...reafirmando o pioneirismo do MOBRAL.

26 de out. de 2009

SUSTENTABILIDADE, EDUCAÇÃO E EMPREGO

1. HARALD HELLMUTH foi meu colega na Escola Nacional de Engenharia nos anos 50. Trancou a matrícula depois de concluir o terceiro ano e foi para a Alemanha. Como ele diz: “até então frequentava o Arpoador - ainda não havia favelas nos Dois Irmãos e via-se o Cristo Redentor. Morei aos pés deste no Cosme Velho. Formei-me em Hannover, bem mais tarde que a " nossa turma". Trabalhei por lá, só regressando para São Paulo em 1978/9 pela Siemens, a qual me aposentou em 2002. A maior parte do tempo trabalhei em assuntos ligados a energia. Então fui me introduzindo no tema Sustentabilidade, começando pelo estudo do Terceiro Setor. Cursei a ADESG e uma pós-graduação pelo NAIPPE / USP - ADESG / SP sobre “Políticas e Estratégias”. O tema foi "Como acelerar o Desenvolvimento Sustentável". Minha percepção do Brasil é cunhada pelo interior, no contexto das hidrelétricas, das usinas de açúcar e álcool e de outras termelétricas”. A experiência de Harald é muito rica.
2. Recebi com prazer sua contribuição para este blog, sobre o tema “Sustentabilidade”, no contexto da aspiração de todos nós, visando construir um País melhor. Muito preocupado com as posições e compromissos que o Brasil vai assumir em Copenhagen, na 15ª. Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em dezembro, Harald explica. “Por incrível que pareça, há neste País uma reticência - que beira à rejeição - de acusar os grileiros de ladrões de terras (que são patrimônio do Estado), como se isto fosse um “delito de cavalheiro”. Até parece uma confissão de que todos gostariam de "levar uma vantagem ilegal". E quanto aos políticos - mesmo os que dão uma contribuição respeitável à causa ambiental - não acusam outros políticos. Os participantes neste caldo cultural, pressionados pela expectativa global, procuram por uma proposta enganosa para apresentar como "grande avanço" em Copenhagen e se deixarem festejar por ela. Ninguém repara que a proposta brasileira de redução do desmatamento em 80%, até 2020, significa que até lá a farra do desmatamento continuará sendo permitida aos "amigos", sacrificando extensíssimas áreas florestais. Que por outro lado o pessoal se vanglorie da "riqueza da biodiversidade" é um contrassenso em que também não se repara. Além do oportunismo bandido, existe um problema real: como melhorar a vida dos pobres que habitam a floresta.....e o Nordeste? As “bolsas” do Governo Federal - subsídios para consumo - são paliativos, mas não transformarão os recebedores em cidadãos livres e capacitados a uma vida em condições de conforto mínimo. Este aspecto não está presente na discussão política ou na mídia. Só se fala dos 20 milhões de habitantes na Amazônia, dos quais cerca de 7 milhões vivem na floresta como ribeirinhos ou assentados. E você, como engenheiro e economista, sabe que a floresta não oferece oportunidades de trabalho que gerem renda suficiente para financiar as tais condições de vida desejáveis. Mas, no caldo cultural, isto é percebido como "algo natural"....pois sempre foi assim. Os índios vivem nus, comendo o que o mato der..........não é verdade? Mas na China, promotora das últimas Olimpíadas, não se pensa assim. Lá criaram cidades na zona costeira, onde se oferecem ocupações urbanas - industriais e em serviços - com as quais já resgataram da pobreza rural - do plantio familiar que mal dá para a subsistência - 400 milhões de seus habitantes. Aqui se teria de resgatar diretamente talvez 10 a 30 milhões "apenas". Temos o minério, temos a energia, temos terras degradadas onde só vicejaria a floresta replantada - devido à pluviosidade - mas não temos a idéia, nem fantasia para copiar. Veja: nem "colar"..........repetir o "benchmark", se sabe! Eu sonho (mas não sei como realizar), que na mídia dos blogs, sites, twiters etc circulasse a pergunta: Por quê não "colamos" dos chineses a fundação de centros urbanos industriais na costa da região Norte e Nordeste, onde inicialmente beneficiaríamos os minérios - por exemplo produzindo "aço verde" - e fabricaríamos papel e celulose?" Esta seria a base social para as metas simultâneas de "desmatamento zero já" e "reflorestamentos intensivos já", que nos permitiriam comprometer metas de redução de emissões de carbono de 50% até 2015 e de emissões próximas a 0 em 2020, com crescimento econômico. Estaríamos então, simplesmente, desempenhando a nossa Responsabilidade diante da comunidade global, de contribuir o melhor possível com o destino da Humanidade. E o faríamos no interesse próprio de terminar com a vergonhosa pobreza em terras onde a pobreza não faz nenhum sentido na fase atual do desenvolvimento mundial”.
3. ENEM virou ENEMA (ENEM ADIADO) e frustou milhares de estudantes. Agora penaliza os contribuintes. Os custos adicionais decorrentes do vazamento da prova já somam R$ 130 milhões, quantia que o MEC vai pagar ao consórcio e à gráfica que vão refazer o trabalho anterior, frustrado pela fraude. Por outro lado, a Polícia Rodoviária Federal acaba de demonstrar que o ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), em verdade, É NADA, porque está também sujeito às fraudes mais elementares. Afinal, esses exames servem efetivamente para avaliar alguma coisa ou existem apenas para estar de acordo com a moda inaugurada pelas instituições internacionais, lideradas pela OECD ? Até porque a metodologia adotada já deveria ter evoluído – o que não ocorreu. Mesmo sem considerar a fraude – que parece onipresente - a diagnose do processo educacional pela avaliação exclusiva do produto (o aluno depois de aprovado ou diplomado) é extremamente discutível sob o aspecto técnico. Pelo menos para quem conhece realmente o assunto...
4. Em setembro de 2009 foram gerados 252.617 empregos formais no Brasil, ainda um número menor que o observado no mesmo mês de 2008, quando foram criados 282.841 postos de trabalho. Nos três primeiros trimestres de 2009 o Brasil atingiu o saldo acumulado de 932.651 trabalhadores colocados. Alcançamos certa estabilidade nos últimos seis meses, em que sempre geramos acima de 100 mil empregos com carteira assinada por mês, o que consolida a idéia de que a economia brasileira entrou no ciclo ascendente de crescimento e o fundo do poço foi ultrapassado. Idéia reforçada pelo fato de a Indústria de Transformação – o motor do desenvolvimento - ter gerado mais empregos em setembro de 2009 (123.318) do que em setembro de 2008 (114.002). Finalmente, o setor saiu do saldo negativo no acumulado do ano: de janeiro a setembro a Indústria gerou 62.759 postos de trabalho. Em outubro e novembro de 2009 o saldo da geração de empregos ainda será positivo mas dezembro deve assinalar mais demissões do que admissões. De qualquer modo estamos melhor que a maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, embora muito atrás dos chineses.

20 de out. de 2009

DIA DO PROFESSOR NO BRASIL

1. Maria de Souza tinha muito o que dizer sobre a vida e o amor, mas sua alma poética estava aprisionada pelas circunstâncias existenciais. Itamar Ribeiro da Silva era um jovem sonhador, queria ir para a cidade grande, mas precisava saber mais. Osmarina Silva via com tristeza a destruição da floresta grande e queria defendê-la, mas faltavam-lhe vez e voz.
2. Um dia chegou em suas vidas aquela pessoa amiga, de fala fácil, que morava ali ao lado, convidando para a aventura do saber, para conhecer o mundo lá fora. Era o alfabetizador com suas novidades: MOBRAL, primeiras letras e muito mais... Agente mais próximo do povo, que ia procurar os necessitados e convencê-los a frequentar as classes, para depois caminhar com eles na árdua estrada do conhecimento, o alfabetizador era a personificação da solidariedade humana, que trabalhava por uma modesta ajuda de custo, prestando grandes serviços ao Brasil. E que promoveu o milagre da transformação!
3. Maria de Souza virou poetisa e publicou seu primeiro livro em 1976. Itamar foi para o Rio e é um dos Gerentes do Chaika de Ipanema. Osmarina Silva foi Ministra do Meio Ambiente e é candidata à Presidência da República. Foram alfabetizados no MOBRAL.
4. Só para exemplificar a grandeza dessa gente, a alfabetizadora de Marina lhe disse um dia, lá pelo terceiro mês do curso de alfabetização: “você aprende rápido, vai amanhã mesmo para a Educação Integrada, o curso primário do MOBRAL”. Bem treinada, usando da flexibilidade que o MOBRAL permitia, foi decisiva, abreviando a caminhada da aluna e motivando-a a voos amplos.
5. Assim eram e assim foram sempre para mim, nos nove anos em que dirigi o MOBRAL: os construtores daquela base sólida de nossa educação continuada, nos quais depositamos nossa total confiança, nunca desmerecida. Nos tempos de maior atividade da instituição, chegaram a ser 150 mil a cada semestre, cobrindo o extenso território brasileiro com uma capilaridade jamais atingida por qualquer outra instituição pública. Mesmo nessa proporção gigantesca, jamais tive notícia de qualquer problema com esse imenso contingente humano.
6. José Trabulsi exerceu várias atividades no MOBRAL lá no interior do Maranhão e me escreveu no Dia do Professor, um pouco decepcionado com o que viu e ouviu na mídia: “e isto me levou a pensar sobre os nossos alfabetizadores que estão por aí no anonimato; Foi quando ...... lembrei-me do senhor como a pessoa que comandou a maior rede de professores deste Brasil. Não sei se estou pedindo demais, gostaria que o senhor escrevesse alguma coisa no seu blog, referente a estes desbravadores da educação. Vi também alguma coisa , mostrando uma senhora idosa que estava em uma sala de alfabetização - sei que é o governo, querendo acentuar vantagens para o povo. Quantos milhares de idosos, ainda nos anos 70, colocamos em sala de aula e alfabetizamos - salas de aula em casas de fazer farinha, casas de vacarias, etc, antes sem luz elétrica e apenas lamparinas, fogueiras e fachos de azeites de coco babaçú. Depois o Mobral mandou candeeiros, lampiões a gás; enviou óculos, merenda etc. Sei de tudo porque fazia mobilização, supervisão e implantava salas de aula, como membro da Comissão Municipal e animador. Hoje, quantos advogados, médicos, professores, poetas, escritores, até ministros, passaram pelo Mobral... ”
7. José Trabulsi tem razão. O Dia do Professor me pareceu realmente melancólico, puxando esse enorme contingente profissional para o fundo, negando-lhe o prestígio social que já foi o seu patrimônio mais caro. Começou com a entrevista a VEJA de Martin Carnoy, especialista americano em educação, atirando sobre os ombros do professorado todo o ônus da deficiência de qualidade da educação brasileira. Acusando nossos docentes de falta de qualificação para o magistério, por terem sido doutrinados politicamente em vez de equipados com os conteúdos objetivos que deveriam transmitir a seus alunos - o que não fazem, segundo ele. Culpando-os pela adoção de teorias que recitam sem conhecimento de causa, disfarçando a debilidade de sua formação. Depois, no próprio dia comemorativo, o refrão na mídia foi sempre acerca da baixa qualidade de nossa educação e a responsabilidade dos mestres nesse desastre nacional. Posso concordar com muito do que se diz, mas gostaria de lembrar que embora muito importante, o professor é apenas parte do processo educacional . A educação depende também do próprio aluno (com todas suas deficiências), da gestão de cada escola, das características materiais desse espaço, da administração do sistema como um todo. Assim como o docente é influenciado pelas condições de sua formação escolar, da estruturação da carreira do magistério (salários, progressão profissional, incentivos tangíveis e intangíveis, aposentadoria etc) e pela orientação pedagógica recebida dos escalões superiores (MEC, Secretarias Estaduais e Municipais etc). As culpas devem ser criteriosamente divididas e temos que dar maiores incentivos aos nossos professores, implantar e aplicar-lhes os princípios da meritocracia, aprender com os países vitoriosos no setor educacional. É um problema de salvação nacional...

9 de out. de 2009

JOÃO CABRAL DE MELO NETO, RIO-2016, BUSH

1. DEZ ANOS DA MORTE DO POETA - João Cabral de Melo Neto, morto em 09/10/1999, foi o maior poeta brasileiro do fim do século XX. Sua obra mais conhecida – Morte e Vida Severina – é ilustrativa de sua importância em nossa literatura. Personalidade notável, o literato pernambucano jogou futebol (campeão juvenil pelo Santa Cruz Futebol Clube em 1935), foi Diplomata de carreira e deu-me a honra de conhecê-lo. Admirador do trabalho do MOBRAL, o Embaixador revelou-me o desejo de visitar uma sala de alfabetização no Rio de Janeiro. Marcou o dia, peguei-o em casa e escolhi inicialmente levá-lo a uma classe no Clube Piraquê, na Lagoa Rodrigo de Freitas, próxima à sua residência. Lá chegados, expliquei ao porteiro a nossa intenção e tive a desagradável notícia de que não havia aula – só no dia seguinte... O Diplomata-Poeta, ao ver minha decepção, foi generoso e me disse afetuosamente: “agora, mais do que nunca, acredito no MOBRAL, pois você bem que poderia ter preparado a visita para que tudo saísse certo. O fato de escolher aleatoriamente uma classe e levar-me para visitá-la de surpresa mostra sua postura profissional e a fé no trabalho da instituição”. João Cabral de Melo Neto, nosso Poeta-Maior daqueles tempos, sabia das coisas...
2. O Projeto RIO-2016 é de todos nós ! A partir de agora este Blog está aberto a sugestões e opiniões acerca da preparação para as nossas Olimpíadas, além de comentar propostas e realizações mais importantes das autoridades responsáveis, visando o evento.
3. A Prefeitura começou bem ! A inclusão do ensino da língua inglesa nas escolas municipais, desde a primeira até a última série fundamental, a partir de 2010, é um gol de placa ! As Olimpíadas geram uma motivação única para o aprendizado de línguas estrangeiras, geradoras de uma atmosfera propícia ao Turismo no Rio e de oportunidades múltiplas de emprego, empreendedorismo etc para nossos jovens. Muito bom ! Aliás, vejo na Educação um setor que pode ser altamente beneficiado pela realização das Olimpíadas no Rio, pois o esporte é muito motivador para os estudantes e a partir dele excelentes projetos pedagógicos podem ser concebidos e executados. Lembro que o Professor de Educação Física das escolas cariocas passa a adquirir um papel proeminente nesse trabalho. Só não gostaria que o Brasil tentasse se tornar, de repente, uma “potência olímpica” , objetivo que considero equivocado e sobre o qual discorrerei no futuro.
4. As duas sugestões iniciais recebidas para o projeto RIO-2016 dizem respeito à sustentabilidade. No dia mesmo da decisão de Copenhagen, já um amigo fraternal, Carlos Eduardo da Silva Pinto, telefonou-me falando sobre uma ação relativamente simples e que todos nós, moradores do Rio, podemos realizar com facilidade: a arborização de nossas ruas e casas. Plantar uma muda em frente ao nosso edifício, na praça que frequentamos, substituir uma árvore que morreu ou foi destruída por vândalos – entre estes os operários que as podam irresponsavelmente, em nome de empresas concessionárias e órgãos públicos. Tudo é simples e barato, mas vai depender de nossa dedicação e cuidado nos próximos anos. Adote uma árvore e cuide dela !
5. A segunda sugestão, recebi-a de Marilena Maçol, que é uma pessoa preocupada com o bem comum e que após visitar a "CTR Nova Iguaçú" - (Central de Tratamento de Resíduos) - enviou-me um texto muito oportuno, descrevendo-a. A CTR faz a recepção, tratamento e destinação final de resíduos sólidos urbanos e industriais, dos provenientes de serviços de saúde (RSS) e de entulho da construção civil. Marilena observa “que nós cidadãos devemos empenharmo-nos cada vez mais na conscientização da necessidade da separação seletiva do nosso lixo, tanto a nível individual como em condomínios, prefeituras, empresas, hospitais, clínicas, enfim, de todos e tudo que gera lixo” e pondera que “a aquisição de lixeiras seletivas não é gasto nem despesa e sim investimento em saúde, salubridade e civilidade. No Brasil, a destinação de resíduos sólidos é sofrível: 64% vai para os lixões, 18% para aterros controlados e 14% para aterros sanitários, os 4% restantes para “outras destinações” . O "lixão" é uma forma inadequada de destinação de lixo, pois não prevê nenhum tratamento do chorume (líquido que sai do lixo) e do gás (cuja composição é cerca de 64% gás metano que também sai do lixo). Por sua vez o “aterro controlado” já usa algumas medidas de engenharia -como cobrir o lixo após cada jornada de trabalho com material inerte para contenção de fogo. Mas nesse modelo ainda há vazamento e contaminação do ar e das águas, por chorume e gás. O "aterro sanitário" é fundamentado em critérios de engenharia e normas operacionais específicas que permitem um confinamento seguro em termos de controle da poluição ambiental e proteção da saúde pública. Marilena conclui sua mensagem afirmando “que é importante cada um fazer a sua parte, ajudando na conscientização da nossa família e empregados, pois somente com o nosso exemplo poderemos atingir essa meta”.
6. BUSH GANHOU O NOBEL DA PAZ – Pensando bem, não foi Barack Obama que ganhou o Prêmio NOBEL da PAZ. Foi o fato de ter encarnado a antítese de Bush que lhe deu o galardão...