26 de nov. de 2009

INSS, IPEA, EMPREGO, FILME 2012, DOPING

1. “CLOCHARD” OU “SANS PAPIER” ? – Trabalho, desde sempre, foi um valor fundamental em minha vida. Tive o exemplo de meus pais, imigrantes à busca de um lugar ao sol, trabalhando duro, cotidianamente, sem esmorecer, sempre com alegria. Ganhando seu dinheiro suado no pequeno comércio, economizando tostões para ter uma vida digna. Nada de grandes negócios - em que se ganha uma fortuna de comissão da noite para o dia ou se fica milionário explorando o contacto político certo ou ainda capitaneando uma ONG bem apadrinhada e recebendo farto dinheiro público. Não ! Sempre trabalhando duro... E assim foi minha carreira profissional. Antes, eu ganhara algum dinheiro dando aulas particulares de Matemática, Química e Geometria Descritiva, mas foi no início de 1959 que tive meu primeiro trabalho formal, como estagiário de Engenharia, na Cavalcanti-Junqueira, uma empreiteira poderosa da construção civil. No ano seguinte fui para a CONSULTEC, empresa pioneira de Consultoria, onde permaneci até janeiro de 1965. Atendendo ao convite de Roberto Campos, em fevereiro de 1965 fui dirigir o Setor de Desenvolvimento Social do IPEA, lá permanecendo até janeiro de 1972, com o cargo de Secretário-Executivo do Centro Nacional de Recursos Humanos. Tive uma breve passagem como Consultor pela FGV e convidado por Mario Henrique Simonsen assumi a Secretaria-Executiva do MOBRAL, em abril de 1972, de onde saí em março de 1981, quando já era Presidente do órgão. Fui Consultor da Presidência da Confederação Nacional da Indústria de 1972 a 1974. Em 1992/1993 trabalhei com Walter Clark na Fundação Roquette-Pinto e com ele mesmo tive mais tarde uma curta passagem pela MULTIRIO, empresa municipal que atua em tecnologias educacionais. De 2003 a 2006 fui Subsecretário-Adjunto da Secretaria de Estado de Trabalho e Renda do Estado do Rio de Janeiro, a convite do Secretário Marco Antonio Lucidi. A partir de 1981, desde que saí do MOBRAL, gerenciei minha própria empresa de Consultoria nos intervalos entre os cargos mencionados. Mas tudo isso foi apagado. Em 1999 comecei a cuidar de minha aposentadoria no INSS, que me foi concedida em janeiro de 2000, mas cujas pensões só passei a receber em dezembro de 2002. Até hoje espero pelos atrasados não pagos. Talvez por esse motivo, anteontem recebi uma singela cartinha do INSS, pedindo meu comparecimento urgente a uma de suas Agências e exigindo os originais de meus documentos, como se para eles eu não existisse: CPF, Identidade, Cartão do PIS/PASEP, Atestado de residência (recebi a carta em casa), Certidão de Nascimento ou Casamento etc. Mas mais estranho é que pediam também a Carteira de Trabalho e os Carnês pagos ao INSS – documentação que está desde 1999 com o próprio INSS, pois fez parte de meu processo de aposentadoria. Ontem fui lá e fiquei surpreso: eu não tenho Carteira de Trabalho, portanto nunca trabalhei; não tenho carnês, logo nunca descontei para o INSS e assim por diante. Meu processo sumiu, tenho que provar que entreguei os tais documentos sob as penas da lei e estou sujeito à perda da imerecida aposentadoria. Não sei como me definir: nestes 50 anos fui um eterno vagabundo, uma vocação de “clochard”, frequentador do “cour des miracles” ou sou um reles “sans papier”, um daqueles seres vagantes pelas igrejas de Paris, sempre gritando por seus direitos e de quando em vez candidatos aos “casse-têtes” da Polícia Francesa ? Nada disso, sou apenas mais um brasileiro vítima dos descaminhos da burocracia governamental e da sua vocação irrefreável para o “calote”, agora vergonhosamente oficializado pelo Congresso brasileiro, que nega a credores legítimos o pagamento dos precatórios. Porém podia ser pior: o INSS decretar, por exemplo, que eu não existo ou que já existi mas estou morto. E não seria a primeira vez que o INSS “desencarna” um pensionista inconveniente, que ousa querer receber suas pensões todo mês...
2. SER OU NÃO SER - Brincadeiras à parte, a sensação que me ficou do episódio foi um desagradável vazio... Até sonhei com ele. A burocracia sabe ser “kafkiana”, cria verdades próprias e indesmentíveis. Eu já tivera esse mesmo tipo de sentimento anteriormente. Por exemplo, quando publicaram um livro sobre os 40 anos do IPEA, fiquei sabendo que eu talvez nem tenha trabalhado lá. Desapareci como aqueles membros proeminentes do Partido Comunista que Stalin matava e apagava dos retratos oficiais. Afinal foram 7 anos de grande dedicação, 12 a 14 horas de empenho por dia. E sob minha direção foram publicados 140 trabalhos, alguns de grande envergadura e repercussão internacional como o Diagnóstico de Educação e Mão-de-Obra, o Diagnóstico de Educação Física e Desportos, os Planos Decenal do Governo Castello Branco, o do Governo Costa e Silva, o do Governo Médici (nos capítulos referentes a Educação e Mão-de-Obra, sempre coordenados por mim). Ainda em relação ao IPEA, li recentemente um artigo de uma Professora da UNICAMP afirmando que o Diagnóstico de Educação teria sido elaborado por mim e pelo Prof. Davi Carneiro. Davi Carneiro, excelente pessoa, não teve - nem pretendeu ter - qualquer participação no trabalho...Apenas utilizamos os dados de uma pesquisa de sua empresa sobre ensino superior, o que fizemos com dezenas de outros estudos e pesquisas de diferentes proveniências. Em relação ao MOBRAL, então, as mentiras que andam por aí são tantas e tão bizarras e despudoradas que às vezes não sei se devo rir ou chorar. Mas de uma coisa estou certo: um dia a verdade prevalecerá...Não sei é se vou receber esses atrasados do INSS !
3. PONTO PARA LUPI – Lula previu que o Brasil criará 1,3 milhão de empregos formais em 2009. Lupi, seu Ministro do Trabalho, “botou banca” e “chutou” algo entre 1 e 1,1 milhão de novos postos de trabalho. Nesse “duelo de competências” aposto em Lupi, que ficará mais próximo da verdade. Mas o que ambos deveriam ter em mente é que, anualmente, temos que criar entre 1,5 milhão e 2 milhões de empregos, para satisfazer a oferta de trabalho da população que chega à idade ativa. Vocês se lembram que Lula prometeu que criaria 10 milhões de empregos em 4 anos de seu primeiro mandato ? Já está no fim do segundo e nada... 4. HECATOMBE - Agora foi o Rodoanel de José Serra, que já vira naufragar outras obras de grande porte sob sua responsabilidade, como o Metrô. Dias antes, fomos surpreeendidos pelo “apagão do Lula”, em que sua ex-Ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef, teve participação ativa. E o “apagão do PT” está dando filhotes, com pequenos blecautes em Ipanema, Leblon e outros bairros cariocas. Sob Dilma, a ANEEL já “garfara” 7 bilhões de reais dos consumidores brasileiros, por desconhecer em seus cálculos que a população brasileira cresce a cada ano. Com tais candidatos à Presidência, os desastres espetaculares do filme 2012 passam a ser possíveis, pelo menos em termos de Brasil...
5. DOPING – Surgiu uma nova e promissora arma contra esse crime: o passaporte biológico, que inclui um conjunto de parâmetros sanguíneos do atleta que podem ser posteriormente comparados com os resultados dos testes antidoping efetuados posteriormente. As descontinuidades paramétricas podem denunciar o doping. Os atletas são testados de surpresa e em qualquer hora e lugar. Ficará mais difícil essa prática condenável e desumana. Ainda bem !

4 comentários:

  1. Para você que gosta do assunto doping. Veja a que ponto chegamos, segundo o Dr. Rodrigo Dias do InCor. “Doping Genético”
    http://br.youtube.com/watch?v=D4jhD9Rin1I
    Abraço. Felipe.

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  2. Obrigado, Felipe, pela ótima sugestão. Acabo de ver o vídeo do programa da BAND sobre o doping genético, que é muito interessante. Eu conhecia o assunto e acho que o doping tira totalmente o sentido do esporte. Como amo o esporte, gostaria de ajudar a combatê-lo. Arlindo

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  3. Arlindo.
    Sobre esse seu último post, como seu amigo há muitos anos e admirador eterno, te digo: não ria nem chore, ESCREVA!
    Abraços.
    Cardoso júnior

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  4. Arlindo
    A falta de vontade política e a incapacidade -Municipal,Estadual (RJ) e Federal,em campo nacional, reflete o péssimo estado do gramado brasileiro.
    Quando o goleiro do Flamengo, Bruno,entende de dizer que a sua torcida é que atrapalhou seu time contra o Goiás- ele repete um INSS que joga contra o real trabalhador, uma ONG que apita como válido um gol em impedimento /usando o dinheiro do contribuinte/, um apagão "dito de mentira"que deixa o jogo seguir,como se nós, cidadãos deste país tivéssemos perdido a visão.
    Como você bem diz, "a burocracia sabe ser kafkiana cria verdade própria e indesmentíveis" mas um dia chegará que o Mobral,a IPEA,a Fundação Getúlio Vargas, ganharam a partida sem roubos e dirão que você não é nem "clochard, nem " sans papier" e que lutou sempre, junto com outros, por um Brasil exatamente sem eles.
    assim como uma bela torcida de trabalhadores (igual ao do Fluminense)possam apoiar seus dirigentes em todos os sentidos.
    PS: eu, também estou mantendo uma luta contra o INSS .Por vezes me considero Quichotesca, mas sei:- um moinho de Tornado irá varrer, Dilmas,e outro acessórios destes campos gramados.Saudações
    Thereza

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