1.Carlos Roberto dos Santos Moura, Presidente do Clube de Engenharia de Brasília e da Federação Brasileira de Associações de Engenheiros foi meu colega de turma, no Mello e Souza e na Escola Nacional de Engenharia, do 5º ano primário ao 5º ano de Engenharia. Pouco antes da reeleição de Lula, ele escreveu o artigo intitulado “Onde estão as ações pró-desenvolvimento?”. A situação pouco mudou, a sucessão já chegou e vale a pena transcrevê-lo, dando conta das preocupações com o vazio de ideias dos nossos governantes que, no lugar dos remendos rodoviários daquela época, inventaram as obras eleitoreiras do PAC. O resto é o mesmo, como o artigo mostra bem:
2.”Eleições majoritárias se aproximando e daqui a alguns dias seremos atropelados por inúmeras propostas e ideias de melhoria para o nosso país. Candidatos não pouparão espaços na TV e no rádio para atrair votos. Para isso, muitos apelam para promessas esdrúxulas, inviáveis, utópicas, mas que à primeira vista atraem a todos, pois são anseios da população. Governar um país envolve dezenas de variáveis que devem ser harmônicas entre si. Como engenheiro, sei da importância das partes para sustentação de um conjunto. Ser eleitor no Brasil é ter a sensação de estar sendo enganado. Nunca vimos um governo tão repleto de casos de corrupção, envolvendo dezenas de parlamentares – aqueles que deveriam estar nos representando no Congresso Nacional e ser modelo para o resto do país. Rogo para que todos pesquisem o histórico, a vida e as propostas de cada candidato para que esta vergonha dos nossos políticos que sinto, e sei que muitos sentem, possa se transformar em orgulho. JK foi um presidente único, com características singulares. Firme, porém aberto a conversas e concessões, ele sabia retirar o que de bom cada um podia dar e prosseguir rumo aos seus objetivos. Na condução do país, nos proporcionou inúmeros ganhos. Ele sabia que havia muito o que melhorar no Brasil. Assim, estipulou 30 metas que poderiam ser alcançadas em cinco anos de governo. A maioria delas foi cumprida de maneira satisfatória. Tudo isso prova, sim, que é possível mudar um país. Ao se definir diretrizes e colocar seu “time” para jogar com vontade, garra e de forma limpa, honesta e íntegra, alcançam-se os objetivos. Há que se ressaltar que, entre as 30 propostas do Plano de Metas de JK não estava Brasília. A capital federal foi um sonho à parte. Ela entrou no Plano de Metas, a posteriori, como a Meta-Síntese. O Plano se concretizou devido a uma única palavra: obstinação. Num balanço rápido sobre os anos JK, podemos citar de relevante: a criação das indústrias automobilística e naval; a construção das primeiras grandes hidrelétricas e de rodovias; o aumento da produção de petróleo, papel, aço e cimento; a instalação de mais de 400 multinacionais no país. É claro que não podemos ser ingênuos em relação a todos esses resultados, pois como conseqüências trouxeram a instabilidade econômica e monetária, com todas suas mazelas e seqüelas. É lógico, também, que as condições atuais do mundo globalizado e do Estado brasileiro são muito diversas das que existiam há 50 anos, e o planejamento moderno é muito mais estratégico, devendo suas metas serem mais indicativas que impositivas. Entretanto, sua importância permanece, pois não há vento favorável a uma nau sem rumo... O Brasil de hoje vive o oposto do governo Juscelino. Temos estabilidade econômica e cumprimos os acordos internacionais, mas, sem metas nem planos, a população sofre, as estradas estão deterioradas, o desenvolvimento industrial é irrisório. Temos muito da política de pão e circo criada pelo império romano. Para alguns pode ser exagerada a comparação, entretanto o programa Fome Zero, que não resolve o problema de geração de emprego e renda, cumpre o papel da política romana do pão enquanto o circo é proporcionado pelo Congresso Nacional, com sua imagem suja pela participação de parlamentares que estão sendo investigados em várias CPIs como as do Bingo, dos Correios, do Mensalão e, a mais recente, dos Sanguessugas. As ações concretas em favor do desenvolvimento ficam em segundo plano em meio a tanta corrupção. E mesmo as que são implementadas, o são de forma precária, sem comprometimento sério. Exemplo disso é o Programa Emergencial de Trafegabilidade e Segurança nas Estradas (PETSE), conhecido como operação tapa-buracos. Instituído pelo governo Lula para melhorar as condições das rodovias do país, utilizou recursos de forma inapropriada, marcada por superfaturamentos – quem viaja pelas estradas verifica que muito pouco foi realizado, sendo perceptível ainda que as técnicas e os materiais de restauração não são dos melhores. Um retrato do nosso atual governo.” Carlos Roberto dos Santos Moura
3. Fui do IPEA de 1965 a 1972. O período de maior intensidade de trabalho em minha vida profissional. Idealismo, em favor da reconstrução de um País minado pela incompetência. O vácuo de ideias que caracteriza o atual Governo é em parte o resultado da decadência do IPEA, concebido pelo Ministro Roberto Campos para pensar o futuro do País. Campos e Lucas Lopes haviam sido responsáveis pela elaboração do Plano de Metas de Juscelino, citado acima por Carlos Roberto,cujo principal objetivo era a aceleração do processo de industrialização brasileiro. O IPEA não desmereceu a confiança de Campos e marcou época na vida nacional com trabalhos portentosos, idéias brilhantes, conquistando grande força política. Hélio Beltrão sucedeu Campos e manteve o prestígio do órgão, mas não acreditava em planejamento e declarava-se a favor da extinção do Ministério. Na prática conseguiu seu intento, ao influir para que João Paulo dos Reis Veloso fosse seu sucessor. Fraco politicamente, buscando apenas administrar sua própria permanência no cargo, Veloso reduziu o IPEA à sua própria estatura. O órgão passou a ser uma fonte dispendiosa de estudos e pesquisas sem consequências, desprovido de prestígio. Hoje, a situação piorou, pois o IPEA politizou-se e é mais um aparelho do partido do nosso “pelego-supremo”.
4. As consequências são péssimas. Lembrando que o IPEA construiu, pela primeira vez, ao final da década dos 60, a “Matriz Energética Brasileira”, dou um exemplo ilustrativo de sua falta: o “apagão elétrico” de FHC ocorreu por absoluta falta de planejamento - como acertadamente disse a Ministra Dilma, há poucos dias.
5. Queimando a língua da candidata, o “apagão elétrico” de Lula veio logo a seguir mas, diferentemente, foi fruto da incompetência na gestão do sistema. Aliás, o erro elementar da ANEEL, que aumentou nossas contas de energia em 5 bilhões de reais, já soara o alarme do desvario técnico que impera no comando do setor.
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Arlindo,
ResponderExcluirE para completar o quadro de deterioração atual do IPEA, Lula ainda teve a triste idéia de tirá-lo do Planejamento e colocá-lo sob as ordens de Mangabeira Unger, aquela espécie de reencarnação do Homem que Sabia Javanês, agora com sotaque de gringo. Felizmente, por pouco tempo, embora o suficiente para tornar o IPEA ainda mais inoperante.
Sendo um dos maiores embromadores do mundo, que consegue enganar até mesmo os doutos gênios de Harvard, é óbvio que M.U. iria enganar o Lula e seus "cumpanheros". Por essa, eu os perdoo. Abs.
Marcos
Marcos: você tem razão...Fico a imaginar um diálogo "estratégico" entre o M.U. e o LULA... Harvardiano ou Dantesco ? Arlindo
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