30 de nov. de 2009

PESQUISA, DIFUSÃO, VELUDO CHECO, OLIVEIRA DE BARREIROS

1. Evolução em Pesquisa & Desenvolvimento – sob esse título recebi mais uma valiosa contribuição do meu colega Carlos Roberto dos Santos Moura, engenheiro civil, Presidente da FEBRAE – Federação Brasileira de Associações de Engenheiros. Aborda tema da maior importância para o futuro do Brasil, que tem sido relegado ao esquecimento. Eis o texto: “O investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) é fundamental para a evolução tecnológica de um país. De acordo com o Manual Frascati, da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), são definidas como atividades de P&D: “todo o trabalho criativo efetuado sistematicamente para ampliar a base de conhecimentos científicos e tecnológicos e o uso desses conhecimentos para criar novas aplicações”. São três as atividades consideradas pelo referido manual: “a investigação básica, trabalhos experimentais e teóricos para obtenção do fundamento de fenômenos e fatos observados, sem pensar em aplicações; a investigação aplicada, trabalhos para adquirir novos conhecimentos com um objetivo específico; e desenvolvimento experimental, trabalhos sistemáticos de aproveitamento dos conhecimentos existentes, dirigidos para a produção de novos produtos, processos e serviços ou melhoria dos já existentes”. Os dados disponíveis no Ministério de Ciência e Tecnologia, referentes ao investimento brasileiro em P&D em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), são insatisfatórios, quando comparados aos de outros países, embora tenha havido uma ligeira ascensão, entre 2005 (0,97% do PIB) e 2008 (1,13%), após uma queda no período 2001 (1,04%) a 2004 (0,90%). Para efeito comparativo, mencionamos os percentuais referentes a alguns países desenvolvidos ou em desenvolvimento (valores conhecidos mais recentes): Alemanha 2,54% (2007); Austrália 2,01% (2006); Canadá 1,82% (2008); China 1,49% (2007); Cingapura 2,61% (2007); Coréia do Sul 3,47% (2007); Estados Unidos 2,68% (2007); França 2,08 (2007); Japão 3,44% (2007); Reino Unido 1,79% (2007). A comparação, entre diferentes países, dos percentuais aplicados em P&D é bastante confiável, tendo em vista que se baseia em metodologia consolidada e aceita internacionalmente. Assim, verifica-se ser imperiosa a necessidade de serem aumentados os investimentos do Brasil em P&D, para que possamos almejar, efetivamente, o status de nação desenvolvida. As aplicações em pesquisa e desenvolvimento são compostas por investimentos públicos (federais e estaduais) e empresariais (empresas privadas e estatais). Além do aumento do dispêndio na área federal, especialmente por meio dos programas de pós-graduação e pelas estatais federais, o Governo deve avaliar a conveniência de incentivos fiscais para a iniciativa privada investir em pesquisa e desenvolvimento. Hoje, em nossa economia globalizada, é indiferente para as empresas instalarem centros de pesquisas na Índia ou no Brasil. A escolha é função das vantagens oferecidas.” Carlos Roberto dos Santos Moura
2. DIFUSÃO – Neste momento está se desenrolando em Lisboa a Cúpula Ibero-Americana sobre “Inovação e Conhecimento”. Esse Bloco de países tem seu ponto mais fraco exatamente nos resultados medíocres no setor estratégico de P & D. E eu enfatizaria ainda outro problema dessa área, que merece nossa atenção: as dificuldades visíveis na difusão científica. Tanto na disseminação para especialistas – que interessa aos campos acadêmico e produtivo - quanto naquela voltada para a circulação de informação em ciência e tecnologia para o público em geral - que está na esfera de ação do setor educacional, no combate ao chamado “analfabetismo científico”. Aliás, um acordo na Cúpula em andamento, sobre a troca de informações científicas e tecnológicas entre os países-membros seria um passo importante. Mas temo que a tentação de se intrometer nos negócios de Honduras - a “vítima da vez” dos tiranetes sulamericanos – suplante a oportunidade de fazer algo realmente relevante para nossos países.
3. COMUNISMO REPUDIADO ! - Os checos comemoraram 20 anos da sua “Revolução de Veludo”, de 17 de novembro de 1989, que culminou em dezembro do mesmo ano com o fim da dominação soviética e do regime comunista na Tchecoslováquia. Em 1968 eu presenciara na UNESCO a rebeldia dos checoslovacos, alegres e descontraídos como nunca se vira antes, expressando opiniões que feriam os dogmas comunistas. Os sonhos de liberdade, porém, logo foram esmagados pelos tanques soviéticos. Foi o fim da “Primavera de Praga”, um experimento de “socialismo com face humana” comandado pelo líder do Partido Comunista da então Checoslováquia, Alexander Dubcek. O movimento representava o desabrochar da democracia atrás da Cortina de Ferro. Mudanças inéditas no bloco socialista foram adotadas no país: imprensa livre, Judiciário independente e tolerância religiosa. Dubcek introduziu reformas políticas e econômicas, com o apoio do Comitê Central. Mas os tanques soviéticos foram implacáveis. Lembro-me que os “intelectuais” da esquerda brasileira, sempre tão atuantes em favor da liberdade, não soltaram um simples gemido contra a crueldade comunista. Porém, em 1989 não teve jeito e o “paraíso” comunista foi enterrado para sempre. Por Praga passaram todas as grandes tiranias recentes e que lá ainda são visíveis. O nazismo, cujos traços genocidas – o gueto – encontram-se em Josefov, o bairro judeu. E o comunismo, muito bem retratado em Mala Strana, através de comoventes estátuas humanas de metal que se vão desfazendo à medida que caminham e o tempo passa. De forma genial, é assim que os checos rememoram a opressão comunista, a qual vai desintegrando a individualidade até sua destruição total. 4.OLIVEIRA DE BARREIROS – uma pequena aldeia portuguesa próxima a Viseu, de onde se avistam as neves eternas da Serra da Estrela. Situada na região do Rio Dão, famosa pelo vinho tinto de excepcional qualidade. Terra onde meu pai nasceu, em 1898; e de onde saiu para o Rio de Janeiro em 1916. Graças ao milagre da internet, descobri o blog “Oliveira de Barreiros, grandes amigos”, de autoria de Carlos Pereira e Armando Luís, em http://oliveiradebarreirosgrandesamigos.blogspot.com e fiz.contacto imediato, é claro... Nele, muitas informações para matar as saudades da terrinha querida até a próxima viagem, a oportunidade do reencontro de primos antes desconhecidos e muitas outras alegrias. Enfim, uma festa. Pena que seus vinhos – Pedra Cancela, Quinta de Reis, Vinha Paz – não cheguem ainda ao Brasil. Todos que apreciam o artigo iriam gostar muito...

3 comentários:

  1. Arlindo,
    Como o Google Earth encurtou nosso mundo, dispus-me a fazer breve fiagem a Oliveria de Barreiros. A 415m de altitude, pude deslumbrar um cenário encantador. Pena que não pude dar uma descidinha para degustar, embebedar-me e desfrutar do carinho hospitaleiro dos seus. Quem sabe sobrevenha um convite?
    Roberto Pimentel.

    ResponderExcluir
  2. Entrei nos sites e blogs de Oliveira de Barreiros e fiquei vivamente interessado em conhecer o lugar e as pessoas. Meu passeio foi encantador. Espero poder realizá-lo na primeira visita que fizer a Portugal. Obrigado por nos ter "desvendado" este pequenino pedaço de terra tão simpático. Estarei lá apreciando as sardinhas e outros petiscos, embebedando-me de alegria.Roberto Pimentel.

    ResponderExcluir
  3. Caro Roberto: em 2011 estarei lá. Quem sabe poderemos, juntos, saborear aquelas sardinhas e o vinho maravilhoso . Abraços. Arlindo

    ResponderExcluir