26 de out. de 2009

SUSTENTABILIDADE, EDUCAÇÃO E EMPREGO

1. HARALD HELLMUTH foi meu colega na Escola Nacional de Engenharia nos anos 50. Trancou a matrícula depois de concluir o terceiro ano e foi para a Alemanha. Como ele diz: “até então frequentava o Arpoador - ainda não havia favelas nos Dois Irmãos e via-se o Cristo Redentor. Morei aos pés deste no Cosme Velho. Formei-me em Hannover, bem mais tarde que a " nossa turma". Trabalhei por lá, só regressando para São Paulo em 1978/9 pela Siemens, a qual me aposentou em 2002. A maior parte do tempo trabalhei em assuntos ligados a energia. Então fui me introduzindo no tema Sustentabilidade, começando pelo estudo do Terceiro Setor. Cursei a ADESG e uma pós-graduação pelo NAIPPE / USP - ADESG / SP sobre “Políticas e Estratégias”. O tema foi "Como acelerar o Desenvolvimento Sustentável". Minha percepção do Brasil é cunhada pelo interior, no contexto das hidrelétricas, das usinas de açúcar e álcool e de outras termelétricas”. A experiência de Harald é muito rica.
2. Recebi com prazer sua contribuição para este blog, sobre o tema “Sustentabilidade”, no contexto da aspiração de todos nós, visando construir um País melhor. Muito preocupado com as posições e compromissos que o Brasil vai assumir em Copenhagen, na 15ª. Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em dezembro, Harald explica. “Por incrível que pareça, há neste País uma reticência - que beira à rejeição - de acusar os grileiros de ladrões de terras (que são patrimônio do Estado), como se isto fosse um “delito de cavalheiro”. Até parece uma confissão de que todos gostariam de "levar uma vantagem ilegal". E quanto aos políticos - mesmo os que dão uma contribuição respeitável à causa ambiental - não acusam outros políticos. Os participantes neste caldo cultural, pressionados pela expectativa global, procuram por uma proposta enganosa para apresentar como "grande avanço" em Copenhagen e se deixarem festejar por ela. Ninguém repara que a proposta brasileira de redução do desmatamento em 80%, até 2020, significa que até lá a farra do desmatamento continuará sendo permitida aos "amigos", sacrificando extensíssimas áreas florestais. Que por outro lado o pessoal se vanglorie da "riqueza da biodiversidade" é um contrassenso em que também não se repara. Além do oportunismo bandido, existe um problema real: como melhorar a vida dos pobres que habitam a floresta.....e o Nordeste? As “bolsas” do Governo Federal - subsídios para consumo - são paliativos, mas não transformarão os recebedores em cidadãos livres e capacitados a uma vida em condições de conforto mínimo. Este aspecto não está presente na discussão política ou na mídia. Só se fala dos 20 milhões de habitantes na Amazônia, dos quais cerca de 7 milhões vivem na floresta como ribeirinhos ou assentados. E você, como engenheiro e economista, sabe que a floresta não oferece oportunidades de trabalho que gerem renda suficiente para financiar as tais condições de vida desejáveis. Mas, no caldo cultural, isto é percebido como "algo natural"....pois sempre foi assim. Os índios vivem nus, comendo o que o mato der..........não é verdade? Mas na China, promotora das últimas Olimpíadas, não se pensa assim. Lá criaram cidades na zona costeira, onde se oferecem ocupações urbanas - industriais e em serviços - com as quais já resgataram da pobreza rural - do plantio familiar que mal dá para a subsistência - 400 milhões de seus habitantes. Aqui se teria de resgatar diretamente talvez 10 a 30 milhões "apenas". Temos o minério, temos a energia, temos terras degradadas onde só vicejaria a floresta replantada - devido à pluviosidade - mas não temos a idéia, nem fantasia para copiar. Veja: nem "colar"..........repetir o "benchmark", se sabe! Eu sonho (mas não sei como realizar), que na mídia dos blogs, sites, twiters etc circulasse a pergunta: Por quê não "colamos" dos chineses a fundação de centros urbanos industriais na costa da região Norte e Nordeste, onde inicialmente beneficiaríamos os minérios - por exemplo produzindo "aço verde" - e fabricaríamos papel e celulose?" Esta seria a base social para as metas simultâneas de "desmatamento zero já" e "reflorestamentos intensivos já", que nos permitiriam comprometer metas de redução de emissões de carbono de 50% até 2015 e de emissões próximas a 0 em 2020, com crescimento econômico. Estaríamos então, simplesmente, desempenhando a nossa Responsabilidade diante da comunidade global, de contribuir o melhor possível com o destino da Humanidade. E o faríamos no interesse próprio de terminar com a vergonhosa pobreza em terras onde a pobreza não faz nenhum sentido na fase atual do desenvolvimento mundial”.
3. ENEM virou ENEMA (ENEM ADIADO) e frustou milhares de estudantes. Agora penaliza os contribuintes. Os custos adicionais decorrentes do vazamento da prova já somam R$ 130 milhões, quantia que o MEC vai pagar ao consórcio e à gráfica que vão refazer o trabalho anterior, frustrado pela fraude. Por outro lado, a Polícia Rodoviária Federal acaba de demonstrar que o ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), em verdade, É NADA, porque está também sujeito às fraudes mais elementares. Afinal, esses exames servem efetivamente para avaliar alguma coisa ou existem apenas para estar de acordo com a moda inaugurada pelas instituições internacionais, lideradas pela OECD ? Até porque a metodologia adotada já deveria ter evoluído – o que não ocorreu. Mesmo sem considerar a fraude – que parece onipresente - a diagnose do processo educacional pela avaliação exclusiva do produto (o aluno depois de aprovado ou diplomado) é extremamente discutível sob o aspecto técnico. Pelo menos para quem conhece realmente o assunto...
4. Em setembro de 2009 foram gerados 252.617 empregos formais no Brasil, ainda um número menor que o observado no mesmo mês de 2008, quando foram criados 282.841 postos de trabalho. Nos três primeiros trimestres de 2009 o Brasil atingiu o saldo acumulado de 932.651 trabalhadores colocados. Alcançamos certa estabilidade nos últimos seis meses, em que sempre geramos acima de 100 mil empregos com carteira assinada por mês, o que consolida a idéia de que a economia brasileira entrou no ciclo ascendente de crescimento e o fundo do poço foi ultrapassado. Idéia reforçada pelo fato de a Indústria de Transformação – o motor do desenvolvimento - ter gerado mais empregos em setembro de 2009 (123.318) do que em setembro de 2008 (114.002). Finalmente, o setor saiu do saldo negativo no acumulado do ano: de janeiro a setembro a Indústria gerou 62.759 postos de trabalho. Em outubro e novembro de 2009 o saldo da geração de empregos ainda será positivo mas dezembro deve assinalar mais demissões do que admissões. De qualquer modo estamos melhor que a maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, embora muito atrás dos chineses.

Nenhum comentário:

Postar um comentário