3 de jan. de 2010

RITUAL MACABRO DE VERÃO

1. BALANÇO MINIMALISTA DE 2009 – Inflação Anual = 4,31% (IPCA) Exportações = US$ 153 bilhões; Importações = US$ 128 bilhões; Saldo Comercial = US$ 25 bilhões Variação anual do PIB = menos 0,2% (estimativa) Empregos Formais Criados no ano = 995 mil; População Total do Brasil em 31/12/2009 = 192.277.000
2. OS DOIS RITUAIS DE SEMPRE – Na meninice, em meados da década dos 40, eu brincava muito no primeiro quarteirão da Rua Barão da Torre, entre Jangadeiros e Teixeira de Melo, porque lá morava meu primo José Paes. Naquela época ainda não existia a Rua Antonio Parreiras, aberta muitos anos mais tarde para a construção do Hospital de Ipanema. A ampla casa da Rua Barão da Torre esquina com Teixeira de Melo era motivo de curiosidade permanente. Bonita, misteriosa, guardada por um lindo e bravio cão pastor alemão, seu dono era um estrangeiro (diziam) que nunca viamos. Certa manhã chuvosa de verão, a surpresa: a casa fora soterrada por toneladas de barro, lixo, árvores e arbustos que deslizaram do Morro do Cantagalo, já ocupado por uma favela incipiente. Morreram o morador misterioso e seu cão. Tempos depois acabaram de demolir a casa, retiraram o entulho e aquele espaço foi destinado às manobras de retorno do Bonde 14 (General Osório) que vinha de Copacabana, pela Rua Visconde de Pirajá e entrava na Rua Teixeira de Melo para retornar em direção a Copacabana e Botafogo. Passaram-se muitas décadas e os desastres se repetiram a cada verão, sistematicamente. Há dias, 65 anos depois do episódio de minha infância, a favela da Pavão-Pavãozinho despejou toneladas de seus detritos sobre os prédios da Rua Djalma Ulrich. O relevo do Estado do Rio de Janeiro é repleto de morros, geralmente de gnaisse e granito, recobertos de terrenos argilosos, instáveis e que não resistem ao encharcamento. Por outro lado a pluviosidade é intensa. Chegada a época das chuvas, das enchentes, das quedas de barrancos e das muitas mortes consequentes fazemos resignadamente a contabilidade do desastre e mesmo sabendo que no próximo ano tudo se repetirá, nada será providenciado... Que tal se as autoridades - pelo menos - removessem (e definitivamente não deixassem mais construir) imóveis que estão na parte superior ou no sopé de taludes íngremes, assim como os que estão na beira de rios, córregos e canais ? Isso, para começar uma política – séria, sem demagogia - de combate à favelização, à metástase urbana que acomete a maioria de nossas cidades e infelicita as pobres famílias que pagam com a vida o preço de nossa irresponsabilidade e de sua falta de informação. O fim de ano, com as lindas festas que o acompanham, poderia ser um período de esperança, de planos para o futuro, de alegria. Mas não no Rio...Porque é também a época de um ritual macabro, em que cinicamente culpamos os elementos naturais pelos crimes cometidos por todos aqueles que usam sua influência para permitir (a seus futuros eleitores) que construam no lugar proibido, sob as vistas grossas, complacentes e criminosas das chamadas “autoridades responsáveis” (sic).
3. VOLEIBOL VITORIOSO - Mais um ano de ouro para o voleibol brasileiro que "ganhou tudo" no plano internacional, no masculino e no feminino, na quadra e nas praias. Atletas, técnicos e auxiliares, a CBV, seu Presidente Ary Graça e equipe, estão todos de parabéns por manter o Brasil como grande potência nesse esporte fortemente competitivo.

2 comentários:

  1. Arlindo,
    neste seu pequeno conto,de enredo que desfilam lado a lado alegria e profunda tristeza ano após ano.... desfile que segue.... a virada- que virada?
    Enquanto Você denuncia o olhar de não cuidados com a Terra do nosso Rio e seus cenários paradoxais;o barulho dos fogos tentando abafar a queda das tantas vidas-seu texto carrega muita verdade e emoção.
    Enquanto você escrevia,imagens despencavam no espaço como Alice,descendo pelo cone do tempo:
    cheiro de gente que queria viver; poeira, que todos os anos as autoridades entregam para o serviço público limpar /mortos e flores/
    Publique seu texto -é da maior importância -seja
    em que papel tenha a coragem de aceitar
    Obrigada Thereza.

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  2. Ah! Viva o Voleibol - na figura de todos que sabem jogar e treinam para um Brasil de grande estima- Saudações Thereza.

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