26 de jan. de 2010

ESTATÍSTICAS VOAM INCERTAS COM MUITO VINHO

A REALIDADE DA CRIAÇÃO DE EMPREGOS NO ATUAL GOVERNO – Durante o Governo Lula, de 1/1/2003 até 31/12/2009, foram criados 8.716.082 empregos formais no Brasil. Essa é a realidade quando consultamos as estatísticas do CAGED, coletadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e publicadas no site do Ministério (http://www.mte.gov.br/). O CAGED mostra que em 2003 foram gerados 645.433 postos de trabalho; segue-se 2004, com 1.523.276; depois 2005, com 1.253.981; em 2006 foram 1.228.686; em 2007, 1.617.392; em 2008, 1.452.204, completando-se a série com a cifra de 2009, quando surgiram 995.110 postos de trabalho. Considerando que Lula prometeu criar 10 milhões de empregos, só nos seus 4 primeiros anos de mandato, verifica-se que sua atuação decepcionou nesse quesito. Daí, talvez, a insistência das fontes oficiais em divulgar cifras acima da realidade. Quem tiver curiosidade, abra o site oficial do MTE, clique em CAGED (no canto direito, ao alto) que aparecerá a criação de empregos nos últimos 14 meses. Clique a seguir em “avançar” e surgirão as estatísticas anuais, desde 2003, aqui transcritas. Mas vá rápido, antes que a página caduque... 2. AVES E GENTES – Albert Einstein veio ao Rio de Janeiro em 1925 e ficou fascinado com uma ave muito carioca. Quando visitou o Museu Nacional, Einstein fez muitas indagações ao zoólogo Alípio de Miranda Ribeiro, avô de Marisa, minha mulher, expressando seu entusiasmo pelo voo sereno da tal ave, que aproveitava as correntes ascendentes e planava por longos períodos. Einstein ainda não se confessava “flamenguista”, mas o objeto de sua admiração era o humilde urubu, cujas evoluções o visitante afirmou ter ficado a observar por muito tempo... Coisas do físico genial, vivendo em um mundo também encantado com a aviação, que apenas engatinhava. Mais feliz que Einstein, além dos urubus - que também caçam carniças aqui pela Barra da Tijuca - posso apreciar diariamente as aventuras de várias outras aves de aparência e hábitos bem mais agradáveis. Moro entre o mar e a lagoa e o espaço aéreo sobre minha casa é a rota das aves que ocupam o território delimitado pelas Ilhas Tijucas e as lagoas da Barra. A mim, fascinam-me especialmente os biguás, aqueles cor de grafite, de pescoço comprido, que voam em bandos numerosos, adotando geralmente a formação em V. Aprendi com Gabriela Machado André ( no site http://www.oeco.com.br/) que em virtude da intensa urbanização da Barra da Tijuca, em meados da década de 70, o biguá foi expulso das proximidades das águas doces, restando-lhe colonizar e reproduzir-se nas Ilhas Tijucas, a 4 km da costa do bairro. Trata-se da única ocorrência, no litoral brasileiro, de biguás aninhando em uma ilha. E mais: segundo a autora, “ao adotar a cercania marítima para aninhar, a colônia – experimental - de biguás ganhou vizinhos diferentes em tamanho e constituição física. Os tesourões, gaivotas e atobás, que também presentes nas ilhas, caçam seus alimentos no mar, mas para isso possuem no bico uma glândula que expele o excesso de salinidade do organismo. Os biguás, por manterem a fisiologia adequada para águas doces, não possuem a glândula de sal: a solução da colônia foi continuar pescando no Canal de Marapendi.” Aliás, é um espetáculo observar a caça de gaivotas e fragatas (de cauda em tesoura, por isso chamadas de tesourões). Fazem voos de observação sobre o mar, localizam os cardumes e de repente mergulham certeiras sobre as presas submersas. São como aquelas pessoas objetivas, que sabem o que querem, para o bem e para o mal, normalmente conseguindo seus intentos. Mas já notei que às vezes confundem águas marítimas e piscinas, que sobrevoam à procura de peixes, tal qual as pessoas que, mesmo objetivas, muitas vezes confundem suas metas. As garças, branquinhas, mais discretas e em menor número, pescam nas águas doces e rasas, encolhendo o pescoço e repentinamente esticando-o e capturando a presa. São oportunistas como algumas pessoas, caladas em relação ao que desejam, sorrateiras e surpreendentes. Já os biguás cativam-me por um outro traço: são ou parecem ser como a maioria de nós, humanos. Voam para lá e para cá, entre a lagoa e a ilha, sem qualquer lógica, como se estivessem sempre à busca de uma satisfação fugidia. Procuram, como nós, aquela felicidade dos versos magistrais de Vicente de Carvalho, poeta parnasiano que também adorava o mar e escreveu:
“só a leve esperança em toda a vida
disfarça a pena de viver, mais nada;
nem é mais a existência resumida
que uma grande esperança malograda.
o eterno sonho da alma desterrada,
sonho que a traz ansiosa e embevecida,
é uma hora feliz, sempre adiada
e que não chega nunca em toda a vida.

essa felicidade que supomos
árvore milagrosa que sonhamos
toda arriada de dourados pomos
existe sim; mas nós não a encontramos,
porque está sempre apenas onde a pomos
e nunca a pomos onde nós estamos”.
3. SELEÇÃO DE VINHOS PORTUGUESES EM 2009 – Um amigo, Carlos Gradiz, teve a gentileza de enviar-me o resultado das muitas provas com os vinhos portugueses - Espumantes, Brancos, Tintos, Rosés e Portos - que realizou, ao longo de 2009, o crítico José António Salvador. Embora o próprio enófilo diga que "nada há de mais subjectivo do que o gosto", sua seleção merece crédito. Trata-se de jornalista consagrado, que escreveu vários livros sobre vinhos. O que me surpreendeu e alegrou muito foi sua escolha do melhor espumante português: o Murganheira Távora-Varosa Touriga Nacional Bruto 2005, que o enófilo assim definiu: “Excepcional. É claramente o melhor espumante português da actualidade. Confirmo-o à medida que o saboreio. Tanto na colheita de 2003 como agora, nesta, de 2005, este espumante revela-se sublime. Rico em aromas frutados e sabores de frescura intensa, apresenta-se com espuma sedosa e persistente.” O motivo da minha alegria é simples: Carlos Gradiz explicou-me que é vinho da região demarcada que engloba a terra de minha mãe – Fonte Arcada, aldeia aos pés da qual está a Barragem do Vilar, com sua ponte romana do século I, no Rio Távora, que dá nome ao espumante vencedor. Saúde e viva Fonte Arcada !

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