30 de jan. de 2010

KISSINGER, ARDUINO E DESEMPREGO

1. KISSINGER JOGOU PELO MOBRAL – Certa manhã, ao chegar à sede do MOBRAL, pedi a minha secretária, Márcia Campos, que ligasse para Henry Kissinger em Washington. Márcia ainda ficou em dúvida se era mesmo para o Secretário de Estado norte-americano. Confirmei e minutos depois Márcia informou-me que Kissinger estava muito ocupado, na Casa Branca, em uma reunião na qual os dirigentes de Egito e Israel iniciavam um entendimento de paz. Márcia deixou recado para o Secretário retornar a ligação. Meia hora depois, telefonema de Washington. Era Dr. Ballantine, assessor de Kissinger que trabalhara no Brasil pela USAID e havia negociado comigo inúmeros convênios e contratos, quando eu dirigia o Centro Nacional de Recursos Humanos (CNRH) do IPEA/Ministério do Planejamento. Expliquei-lhe que queria a interferência de Kissinger junto à TIME WARNER, dona do New York Cosmos, que acabara de contratar Pelé, para que deixasse o craque jogar pelo Fluminense contra o Bayern de Munique no Maracanã, em partida para promover o MOBRAL. Pelé prometera a nossa Relações Públicas, a atriz Lídia Matos, que jogaria, mas na noite anterior ao episódio narrado, faltando 3 dias para o evento, alegou que o Cosmos o proibira de participar. Não encontrei alternativa além da interferência de Kissinger, admirador do futebol brasileiro e promotor da ida de Pelé para o Cosmos. Ballantine falou com seu chefe, que ligou para a TIME WARNER, explicando a importância do MOBRAL e pedindo a anuência do Cosmos. Ballantine ligou-me mais tarde, desapontado, dizendo que o Cosmos jamais impedira Pelé de jogar. Pelé contou-lhes que o pedido para não atuar havia sido de Ney Braga, então Ministro da Educação. Coisas de político, administrando o seu pequeno poder. Pelé não jogou, mas o Maracanã viveu uma noite espetacular, em 10 de junho de 1975, com quase 100 mil espectadores vibrando com a vitória da “máquina” (de Rivelino, Paulo César Caju, Félix, Toninho, Marco Antônio, Mário Sérgio, Cafuringa etc) por 1 x 0, contra o “timaço” de Beckenbauer, Gerd Muller, Sepp Meier etc. Francisco Horta, Presidente do Fluminense, assistiu ao jogo ao lado do ex-Presidente Médici (com seu radinho de pilha) e de Heleno Nunes, Presidente da CBF. Nessa partida, pela primeira vez, uma empresa – a DELFIN CADERNETA DE POUPANÇA, de Ronald Levinson, grande benemérito do MOBRAL - comprou 60 mil ingressos de futebol para distribuir aos seus clientes. E também pela primeira vez um clube brasileiro pode jogar com a propaganda de uma instituição na camisa: era o nome do MOBRAL, nas costas dos craques tricolores ! Pioneirismo e criatividade...Reveja o jogo em http://www.youtube.com/watch?v=Uu1k-KoACkY
2. LULA EMPREGA MAIS QUE FHC – A criação de 8.716.000 empregos durante o Governo Lula - com a média de quase 1.250.000 por ano - supera amplamente os resultados de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, em cujos 2 mandatos na Presidência foram gerados apenas 796.000 postos de trabalho – média de 100 mil por ano. Nos 5 primeiros anos da gestão FHC houve sempre mais demissões do que admissões: o País perdeu 129.339 empregos formais em 1995; 271.298 em 1996; 35.731 em 1997; 581.753 em 1998 e 196.001 em 1999. Só em 2000 a situação se inverteu e finalmente os saldos passaram ao terreno positivo, com a criação de 657.596 empregos; em 2001 foram gerados 591.058 e em 2002 mais 762.414. O Governo FHC adotou uma série de medidas na área econômica, sem o adequado respaldo do planejamento, provocando o caos no mercado de trabalho brasileiro. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD) do IBGE, de uma população ocupada de 69.628.608 trabalhadores, em 1995, passamos a 68.040.206 em 1996. Queda de 1,6 milhão de empregos em apenas um ano ! Desde FHC o Brasil mantém uma taxa de desemprego muito elevada, entre 8 e 10%, que revela problemas estruturais graves.
3. IPANEMA CRIATIVA –O após-guerra foi uma época de grande efervescência econômica, política e cultural. Ipanema e alguns outros bairros cariocas foram privilegiados naqueles anos dourados, em que a criatividade e a inovação floresceram com vigor. E quem lá morava se beneficiou muito daquele ambiente estimulante. Na zona sul – abrangendo Copacabana, Leblon, Botafogo e Laranjeiras – assim como na zona norte, da Tijuca, Grajau e adjacências, havia ótimos colégios e se podia obter uma boa formação educacional, além de estabelecer amizades e contacto permanente com outros jovens inteligentes e cultos, ansiosos por mudanças, fascinados pelo novo e pelas oportunidades que paz mundial trazia. Lembrei-me disso tudo quando assistia a um programa da SPORTV sobre os primórdios do surfe no Brasil, desenvolvido exatamente nas praias cariocas. Como era de esperar, lá pelas tantas, apareceu o pioneiro Arduino Colasanti, que deu seu lúcido depoimento, mas não disse tudo, por causa de sua modéstia. Arduino, nascido na Itália, veio para o Brasil com 11 anos e foi meu colega no Mello e Souza. Éramos da mesma série, mas de turmas diferentes. Culto, inteligente, sonhador, Arduino chegou a cursar a Escola Nacional de Engenharia mas “trancou matrícula” para dedicar-se às atividades de que gostava. Foi pioneiro do surfe, da pesca submarina e do mergulho profissional no Brasil. Por ser um galã nato, atuou em vários filmes. Ele e sua irmã Marina Colasanti, escritora renomada, moravam com o pai (Manfredo) e a tia, a grande cantora lírica italiana Gabriella Besanzoni Lage, no amplo palacete do Jardim Botânico que hoje é conhecido como Parque Lage. Mas Arduino vivia no Arpoador, ia muito a Angra dos Reis, Cabo Frio e onde houvesse um mar com ondas e peixes a desafiá-lo. Na matéria da TV apareceu também a Fernanda, dona da loja “FERNANDA DOCES”, no Barrashoping, que foi a primeira mulher a praticar surfe no Brasil e que ganhou sua prancha de madeirite do bom Arduino. Meu colega inovou no surfe e brilhou na pesca submarina, na qual representou o Brasil em dois Campeonatos Mundiais. Em 1959, ao voltar de Malta, do Campeonato Mundial de Pesca Submarina, em que o Brasil foi vice-campeão, Arduino fez escala em Paris onde eu também estava, jogando “La Petite Coupe du Monde” pela Seleção Brasileira de Voleibol. Durante três dias consecutivos fomos juntos ao Museu do Louvre, conhecer aquelas obras maravilhosas que lá estão, a consagrar o senso estético dos seres humanos. Surfe, bossa nova, futevolei, moda de praia...Criações de gente que viveu em um Rio de Janeiro glorioso... na Cidade Maravilhosa...
A teoria da localização, muito utilizada pelos empresários, permite tomar decisões sobre onde montar seu negócio, seja uma siderúrgica ou uma refinaria, uma lanchonete ou um restaurante, uma escola ou um posto de saúde. Dever-se-ia formular e explicitar, também, uma outra teoria da localização, decisiva para as pessoas: onde fixar residência, para ter uma vida feliz e plena de oportunidades...

26 de jan. de 2010

ESTATÍSTICAS VOAM INCERTAS COM MUITO VINHO

A REALIDADE DA CRIAÇÃO DE EMPREGOS NO ATUAL GOVERNO – Durante o Governo Lula, de 1/1/2003 até 31/12/2009, foram criados 8.716.082 empregos formais no Brasil. Essa é a realidade quando consultamos as estatísticas do CAGED, coletadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e publicadas no site do Ministério (http://www.mte.gov.br/). O CAGED mostra que em 2003 foram gerados 645.433 postos de trabalho; segue-se 2004, com 1.523.276; depois 2005, com 1.253.981; em 2006 foram 1.228.686; em 2007, 1.617.392; em 2008, 1.452.204, completando-se a série com a cifra de 2009, quando surgiram 995.110 postos de trabalho. Considerando que Lula prometeu criar 10 milhões de empregos, só nos seus 4 primeiros anos de mandato, verifica-se que sua atuação decepcionou nesse quesito. Daí, talvez, a insistência das fontes oficiais em divulgar cifras acima da realidade. Quem tiver curiosidade, abra o site oficial do MTE, clique em CAGED (no canto direito, ao alto) que aparecerá a criação de empregos nos últimos 14 meses. Clique a seguir em “avançar” e surgirão as estatísticas anuais, desde 2003, aqui transcritas. Mas vá rápido, antes que a página caduque... 2. AVES E GENTES – Albert Einstein veio ao Rio de Janeiro em 1925 e ficou fascinado com uma ave muito carioca. Quando visitou o Museu Nacional, Einstein fez muitas indagações ao zoólogo Alípio de Miranda Ribeiro, avô de Marisa, minha mulher, expressando seu entusiasmo pelo voo sereno da tal ave, que aproveitava as correntes ascendentes e planava por longos períodos. Einstein ainda não se confessava “flamenguista”, mas o objeto de sua admiração era o humilde urubu, cujas evoluções o visitante afirmou ter ficado a observar por muito tempo... Coisas do físico genial, vivendo em um mundo também encantado com a aviação, que apenas engatinhava. Mais feliz que Einstein, além dos urubus - que também caçam carniças aqui pela Barra da Tijuca - posso apreciar diariamente as aventuras de várias outras aves de aparência e hábitos bem mais agradáveis. Moro entre o mar e a lagoa e o espaço aéreo sobre minha casa é a rota das aves que ocupam o território delimitado pelas Ilhas Tijucas e as lagoas da Barra. A mim, fascinam-me especialmente os biguás, aqueles cor de grafite, de pescoço comprido, que voam em bandos numerosos, adotando geralmente a formação em V. Aprendi com Gabriela Machado André ( no site http://www.oeco.com.br/) que em virtude da intensa urbanização da Barra da Tijuca, em meados da década de 70, o biguá foi expulso das proximidades das águas doces, restando-lhe colonizar e reproduzir-se nas Ilhas Tijucas, a 4 km da costa do bairro. Trata-se da única ocorrência, no litoral brasileiro, de biguás aninhando em uma ilha. E mais: segundo a autora, “ao adotar a cercania marítima para aninhar, a colônia – experimental - de biguás ganhou vizinhos diferentes em tamanho e constituição física. Os tesourões, gaivotas e atobás, que também presentes nas ilhas, caçam seus alimentos no mar, mas para isso possuem no bico uma glândula que expele o excesso de salinidade do organismo. Os biguás, por manterem a fisiologia adequada para águas doces, não possuem a glândula de sal: a solução da colônia foi continuar pescando no Canal de Marapendi.” Aliás, é um espetáculo observar a caça de gaivotas e fragatas (de cauda em tesoura, por isso chamadas de tesourões). Fazem voos de observação sobre o mar, localizam os cardumes e de repente mergulham certeiras sobre as presas submersas. São como aquelas pessoas objetivas, que sabem o que querem, para o bem e para o mal, normalmente conseguindo seus intentos. Mas já notei que às vezes confundem águas marítimas e piscinas, que sobrevoam à procura de peixes, tal qual as pessoas que, mesmo objetivas, muitas vezes confundem suas metas. As garças, branquinhas, mais discretas e em menor número, pescam nas águas doces e rasas, encolhendo o pescoço e repentinamente esticando-o e capturando a presa. São oportunistas como algumas pessoas, caladas em relação ao que desejam, sorrateiras e surpreendentes. Já os biguás cativam-me por um outro traço: são ou parecem ser como a maioria de nós, humanos. Voam para lá e para cá, entre a lagoa e a ilha, sem qualquer lógica, como se estivessem sempre à busca de uma satisfação fugidia. Procuram, como nós, aquela felicidade dos versos magistrais de Vicente de Carvalho, poeta parnasiano que também adorava o mar e escreveu:
“só a leve esperança em toda a vida
disfarça a pena de viver, mais nada;
nem é mais a existência resumida
que uma grande esperança malograda.
o eterno sonho da alma desterrada,
sonho que a traz ansiosa e embevecida,
é uma hora feliz, sempre adiada
e que não chega nunca em toda a vida.

essa felicidade que supomos
árvore milagrosa que sonhamos
toda arriada de dourados pomos
existe sim; mas nós não a encontramos,
porque está sempre apenas onde a pomos
e nunca a pomos onde nós estamos”.
3. SELEÇÃO DE VINHOS PORTUGUESES EM 2009 – Um amigo, Carlos Gradiz, teve a gentileza de enviar-me o resultado das muitas provas com os vinhos portugueses - Espumantes, Brancos, Tintos, Rosés e Portos - que realizou, ao longo de 2009, o crítico José António Salvador. Embora o próprio enófilo diga que "nada há de mais subjectivo do que o gosto", sua seleção merece crédito. Trata-se de jornalista consagrado, que escreveu vários livros sobre vinhos. O que me surpreendeu e alegrou muito foi sua escolha do melhor espumante português: o Murganheira Távora-Varosa Touriga Nacional Bruto 2005, que o enófilo assim definiu: “Excepcional. É claramente o melhor espumante português da actualidade. Confirmo-o à medida que o saboreio. Tanto na colheita de 2003 como agora, nesta, de 2005, este espumante revela-se sublime. Rico em aromas frutados e sabores de frescura intensa, apresenta-se com espuma sedosa e persistente.” O motivo da minha alegria é simples: Carlos Gradiz explicou-me que é vinho da região demarcada que engloba a terra de minha mãe – Fonte Arcada, aldeia aos pés da qual está a Barragem do Vilar, com sua ponte romana do século I, no Rio Távora, que dá nome ao espumante vencedor. Saúde e viva Fonte Arcada !

21 de jan. de 2010

GUERRA, CRISE E PERDAS DO TRABALHADOR

1. GUERRA INJUSTA - Ronaldo Ferreira Gomes, morador veterano de Ipanema, trouxe-me à lembrança um episódio muito marcante, ocorrido em nosso bairro durante a II Guerra Mundial. Éramos ainda crianças e naquele dia nos assustamos com o barulho, a gritaria e o movimento inusitado na rua. Vândalos extremistas promoviam o “quebra-quebra” das casas de comércio que pertenciam a imigrantes de países integrantes do “Eixo” (Alemanha, Itália e Japão). Lembro-me bem que meu pai ficou muito entristecido com a destruição do Restaurante Renânia, pertencente a um amigo (o pai da bela Cristina que estudava no Fontainha) e situado no mesmo quarteirão de seu Café e Bar Ipanema (lado par da Visconde de Pirajá, em frente à Praça General Osório). Os baderneiros atacaram igualmente os restaurantes Zeppelin (do lado ímpar da Visconde de Pirajá, entre Garcia d`Ávila e Aníbal de Mendonça) e o Shangri-lá (na Lagoa Rodrigo de Freitas, perto da Montenegro), todos de alemães. Tinturarias de japoneses, bancas de jornal e oficinas de sapateiros pertencentes a modestos italianos também sofreram atentados. A comunidade de Ipanema não aceitou essa covardia contra pessoas trabalhadoras e indefesas, totalmente alheias à política internacional e prestou sua solidariedade aos agredidos. No bairro viviam muitos imigrantes estrangeiros, de várias nacionalidades e credos, sempre em perfeita harmonia, diversos deles ligados por fortes amizades. Em minha casa, por exemplo, havia uma “roda de pôquer” todas as noites, de amigos que formavam uma pacífica Liga das Nações: brasileiros como o potiguar Dr. Álvaro Borges, funcionário da Casa da Moeda; vários portugueses como meu pai Antonio Lopes Corrêa e os senhores Marques e Jucundino (ambos mestres de obras), Paulinho e Príncipe (ambos proprietários de açougues); libaneses como o senhor Nagib, comerciante; japoneses, como o Sr. Nakamura, dono da Tinturaria da Visconde Pirajá; o querido Sr. Adolfo, judeu polonês, que depois de desquitado foi morar em minha casa e era dono da sapataria Renomé; o senhor Gardon, espanhol, dono do Hotel Soto e assim por diante. As escaramuças ocorreram em todo Brasil e muitos estrangeiros foram maltratados e prejudicados. Depois de algum tempo, cessaram os distúrbios, voltou a paz e todos puderam continuar suas vidas. O Renânia ficou no mesmo lugar mas mudou o nome para Jangadeiros e anos depois se instalou na Teixeira de Melo. O Shangri-lá virou Bar Lagoa e continuou à sombra dos belos flamboyants da Rodrigo de Freitas - mas parece que foi a partir daquele dia que seus velhos garçons ficaram mal-humorados para sempre. Vocês sabiam ?
2. CRISE E MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO – Foi terrível o resultado do mercado de trabalho formal em 2009, quando geramos 995 mil empregos em todo ano e precisaríamos de pelo menos 1.600.000 novos postos. Foi o pior resultado desde 2003. Em 2008, já com crise, geramos 1.452.000 empregos, 46% mais que em 2009. Desse modo, muitos jovens que chegaram à idade de trabalhar esbarraram em mais esse obstáculo e caíram no desemprego ou tiveram que se conformar com algum biscate no mercado informal, sem carteira assinada e com salários baixos. Prejudicados por uma educação básica de má qualidade, à qual se seguem cursos de qualificação profissional muito curtos, onde aprendem apenas um arremedo de profissão, tiveram também contra si um mercado de trabalho limitado pelos reflexos da crise internacional e alguns problemas na condução de nossa economia. Dezembro foi pior do que a mais pessimista das previsões. Segundo o CAGED, do Ministério do Trabalho, o Brasil perdeu 415 mil empregos só naquele mês. Considerando que há otimismo em relação à performance econômica do País para 2010, com previsão de 5,2% de crescimento do PIB, conclui-se que o lamentável resultado terá derivado da cautela dos empresários diante do novo salário mínimo, cujos aumentos repetidamente acima da inflação são criticados pelos analistas. Muitas demissões teriam sido preventivas, para que as empresas não assumissem, já agora, compromissos para janeiro de 2010 – mês da revisão salarial – antes de avaliar exatamente como será o novo ano. E talvez janeiro continue adverso, porque os primeiros resultados do nosso comércio externo apontam para uma crescente perda de competitividade internacional em produtos importantes. Ao elevado custo-Brasil, resultado de burocracia excessiva e deficiências de nossa infraestrutura logística, acrescentou-se nos últimos anos um salário-mínimo irrealista. Nosso Governo talvez tenha perdido a noção de limites. O recente Decreto dos Direitos Humanos é prova dessa insensibilidade e pode custar caro nas eleições, pois assustou setores importantes da opinião pública. É claro que se faz um marketing maravilhoso ao fixar o salário mínimo próximo dos 300 dólares mensais, principalmente porque FHC penou, penou e não conseguiu passar dos 100 dólares por mês. O problema é saber se a economia aguenta e se os patrões podem ou estão dispostos a pagá-lo. Talvez tenhamos chegado a essa situação-limite e como o Ministério do Trabalho, neste ano eleitoral, costuma afrouxar a fiscalização em cima da informalidade, estamos diante de uma situação muito difícil, que vai acarretar níveis altos de subemprego. 3.TRABALHADOR PERDE NO FGTS E FAT – A Caixa Econômica, responsável pela administração do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS), confirmou que pelo segundo ano consecutivo de sua gestão, o dinheiro do trabalhador depositado no FGTS perdeu poder de compra. Nossas contas tiveram remuneração de 3,9% em 2009, enquanto a inflação oficial, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), chegou a 4,3%. O rendimento real foi negativo e o patrimônio pertencente aos trabalhadores brasileiros e ali depositado diminuiu em 0,4%. O mesmo já acontecera em 2008, quando o Fundo rendeu 4,5% e o IPCA atingiu 5,9%, havendo perda real de 1,4% no saldo, sem que qualquer providência fosse tomada. Também o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), gerenciado pelo Ministério do Trabalho, teve deficit em 2009. O Governo, em relação ao trabalhador brasileiro, dá com uma das mãos e tira com a outra. Cede um pouco, ostensivamente, com banda de música. Mas tira sorrateiramente, oculto na penumbra de regras que o “povão” só perceberá na hora da aposentadoria, quando já será tarde demais.

16 de jan. de 2010

MARKETING HAITIANO NO ANO DO PAC

1. PITIÉ POUR L`HAÏTI – A frase maldita do Cônsul haitiano sobre o catastrófico terremoto - "Foi bom para nós aqui do consulado porque nos dará mais visibilidade (...)" – jamais seria proferida por uma pessoa normal da minha geração, na presença dos mais íntimos ou mesmo a sós. Não é mais assim... Nestes tempos midiáticos, o marketing se tornou, assustadoramente, mais importante que a realidade e propiciou esse tipo imoral de pensamento. Para nós, mortais comuns, a colocação dessa frase, à vista de dezenas de milhares de mortos e centenas de milhares de desabrigados, deve servir como definitivo sinal de alerta. Há cerca de 25 ou 30 anos essa “nova moral” começou a conquistar o Brasil em todos os escalões. Quantos Ministros já não tivemos – sempre incompetentes - que foram escolhidos pelo seu impacto de marketing na opinião pública ? As Pastas da Cultura e do Esporte, então, têm sido agraciadas com fartura por esse tipo relativamente novo de seleção política. Neste ano de eleições gerais no Brasil sempre corremos o risco, “sin duda”, de um “marqueteiro” hábil nos “vender” mais um Presidente “fajuto”. Defrontaremos, com frequência, essa supremacia do imaginário sobre o real, contra a qual devemos nos prevenir. Por agora, solidariedade total aos haitianos e aos nossos soldados heroicos que lá estão ou tombaram com honra...
2. CLUBE DOS SETE TEM PAC DA ÁGUA – A rede de voleibol onde jogo, na Barra da Tijuca, inaugurou seu “chuveirinho”, alimentado por poço e bomba movida a gasolina. Teve até discurso do Guilherme afirmando (mentira, é claro) que “nunca antes, na história desta rede...” A logística da operação foi obra do Clovis - que como bom nordestino sabe a dureza da falta d`água sob o sol inclemente. Até o nosso “vice”, Paulo Bessa, “de molho” por ordem médica, exatamente por exposição ao calor, prestigiou a inauguração. O único preocupado no ato solene era o nosso Ministro da Fazenda, o Zé Carlos, que vai ter que lançar mão de “nossas reservas” (como a Senhora Kirchner, da Casa Rosada) para honrar a pesada dívida...Reflexão que se impõe: devia haver uma lei no Brasil obrigando as autoridades a fornecer água limpa aos frequentadores da praia, sempre que as águas do mar fossem poluídas e impróprias para o banho – o que ocorre(u) certamente por incúria dessas mesmas autoridades. Esporte + sol - água = infarto ou AVC = Lourenço Jorge = despesas adicionais para o SUS. cqd
3. PRAIA DE IPANEMA – O escriba da língua portuguesa que consagrou o uso da expressão “verão senegalesco” copiou-a, certamente, de algum agente colonial francês que conhecia Dacar mas jamais pisara nas terras escaldantes de São Sebastião do Rio de Janeiro. Nada a lamentar, pois temos uma receita infalível e maravilhosa para esse “verão carioca”: a praia. A revista ECONOMIST estima que 630 milhões de terráqueos residam a uma distância máxima de 10 km do mar. Fui, sou e serei sempre parte desses abençoados 10% da Humanidade. Filho de portugueses, ditos “colonizadores-caranguejos”, apegados à costa, herdei-lhes o amor ao cheiro de maresia. Para os lusitanos dos séculos XV e XVI, que promoviam uma globalização pioneira, descobridores de todas as terras e donos dos oceanos - as grandes vias de comunicação e transporte da época - era uma questão de logística, uma visão estratégica bastante racional. Para mim, é antes de tudo um determinismo estético. Das músicas de Tom e Caymmi às marinhas de Guignard, passando pela sua rica paisagem humana, amo e vejo muita beleza em tudo que existe na praia. Um espaço democrático, onde as pessoas se vestem (ou despem ?) da mesma forma e não têm sobrenome - só prenome ou apelido. Você pode estar na barraca ao lado de um banqueiro ou de um favelado; jogar uma partida de voleibol com um general ou um vendedor ambulante, mas estará absolutamente feliz, indiferente às origens de seu vizinho ou parceiro de jogo. É a liberdade, o não-formal, a vida ao natural... é a praia ! Quando comecei a frequentá-la, na década dos 40, Ipanema era muito diferente. Bem, já era linda e cheia de graça como sempre, mas as areias, mais brancas e virgens, faziam aquele barulho característico quando as pisávamos. E abrigavam muitos siris, tatuís e sernambis na faixa molhada além de multidões de joaninhas na parte seca. Havia oásis, com quiosques cobertos de sapê, muitos coqueiros e a vegetação rasteira típica do litoral carioca recobrindo dunas de suave declividade. O Arpoador, uma das principais referências de nossa praia - onde se caçavam baleias com arpões no século XVII – era muito lindo, com mais areia do que hoje e um prédio térreo, cinzento, com uma estação de rádio. Na Vieira Souto, com duas pistas e um canteiro central gramado, pesados bancos de madeira e palmeiras, havia predominância absoluta de casas amplas e luxuosas. Os trajes de banho seriam bizarros para os padrões atuais: os calções masculinos de lã, formato de sunga em tamanho grande, de cores escuras, muito quentes, extremamente incômodos quando molhados (melhor dizendo, encharcados), causadores de assaduras mil; os femininos eram maiôs inteiros, às vezes complementados por saiotes cobrindo a parte superior das pernas, sempre de tecidos pesados e tons escuros. Toucas - geralmente horripilantes - completavam aquela imagem típica dos filmes do cinema mudo. Demorou para passarmos a usar tecidos mais leves e funcionais. Só na década dos 50 chegaram os shorts, as sungas masculinas de nadador e os maiôs femininos de lastex, da Catalina, drapeados, consagrados pela atriz/nadadora Esther Williams e as Misses de todo mundo. Depois vieram os trajes de fustão e outros tecidos, em Ipanema comprados na Casa Alberto, na Futurista ou na Formosinho, para serem fabricados pelas “modistas” – as costureiras mais versáteis da época. Na minha meninice, mesmo na ida à praia, era proibido andar sem camisa nas ruas e obedecíamos cegamente a essa postura municipal, só a tirando ao pisar na areia. Os esportes de praia, além da óbvia natação e do velho remo, eram o futebol, a peteca e o voleibol, coadjuvados pela prática isolada de lutas (livre e capoeira) e exercícios diversos de ginástica (pirâmides humanas e acrobacias como as paradas simples ou em dupla, cambalhotas, saltos-mortais e estrelas). O JORNAL DOS SPORTS promovia torneios de voleibol, sempre de sextetos masculinos ou mistos e o Ipanema Praia Clube - com Isnaldo (vulgo Cabinha), Corrente, Gil (Carneiro de Mendonça) e Rosalvo (gerente do cinema Ipanema, na Praça General Osório) - representava brilhantemente nosso bairro. O futebol de areia começou em Ipanema com um time chamado Atlântico, no qual jogavam o lustroso Misqueti e mais uma vez o Gil, posteriormente grande craque de voleibol e Presidente do Fluminense. O “dono” do Atlântico era o Manoel, gerente da noite do Café e Bar Ipanema (pertencente ao meu pai). Sucederam-se outros clubes pioneiros: AEI (do Dilermando Borges, filho do Dr. Álvaro Borges), Pelicano (da Joana Angélica), Brasil (da familia Fernandes, da Hidro-Electra) e mais tarde o Torino (da família Cabral) e o Lagoa (do Théo Sodré). Joguei nos três últimos. No mar, “pegávamos jacaré” sem ou com prancha, então de madeira (ancestrais do body board e do surfe, surgido em Ipanema) e nadávamos ou boiávamos horas em câmaras de ar de pneus de caminhão, trator ou avião... Quando havia “piscininha” e banco de areia era uma festa para a petizada que estava aprendendo a nadar. Os garotos mais arrojados da Montenegro nadavam para muito além das ondas, até avistar o Pão de Açúcar. Era comum a passagem de arraias de grande tamanho, lentamente, bem na beirinha, assim como cardumes de espécies variadas, caçados avidamente por gaivotas de mergulho certeiro. Quase diariamente, bem cedo, todos ajudavam os pescadores da Colônia do Posto Seis a puxar seu arrastão e quando a coleta era farta, sempre ganhávamos algumas sardinhas como recompensa. Houve um longo período com algo semelhante ao atual “choque de ordem” da Prefeitura e o futebol só podia ser praticado à tarde, em horários definidos. Naquele tempo respeitava-se a autoridade e a proibição perdurou durante anos. O que não era vedado – nem pelos médicos – era pegar sol e dispensar a proteção da barraca. Naquela época, sol fazia bem e protetor solar não existia. Havia, perto do Carnaval, banho de mar à fantasia e no réveillon começavam os rituais de umbanda. Os Postos de Salvamento eram poucos e os “banhistas”, necessariamente excelentes nadadores, não tinham equipamentos auxiliares. No início, suas baleeiras eram movidas a remos e só com muita sorte chegavam ao lugar certo na hora adequada. Logo após a guerra, surgiu um personagem inovador, o Coló, veterano da Força Expedicionária Brasileira (FEB), muito forte e um craque na água, que criou um posto de salvamento de voluntários na Montenegro. Barraca isolada, sinalizada, equipada com bóias, cordas e bandeirinhas, Coló com apito e trajando aqueles cinturões enormes, pelos quais as tais cordas amarradas às bóias passavam em argolas de aço, para serem jogadas aos eventuais afogados e puxadas por nós em um grande mutirão. Alguns comerciantes patrocinavam nosso “pracinha” heroico. Previdente, o posto fazia o treinamento de “botinhos”, salva-vidas infantis e juvenis e eu era um deles, claro ! Ainda menino aprendi as técnicas de salvatagem para valer e ao longo de minha vida consegui ajudar mais de uma dezena de afogados. E sempre me lembrava agradecido do mestre Coló...Durante a guerra, todas as janelas de Ipanema que podiam ser vistas do mar tinham que ficar totalmente tampadas à noite, com um tecido negro opaco, como medida de segurança contra ataques de submarinos inimigos. No dia 8 de maio de 1945, Ipanema acordou bem cedo, às 6 horas da manhã, com os rádios tocando a Marselhesa no volume máximo e foi com um misto de fúria e alegria que nos livramos daqueles panos negros que enevoavam a nossa felicidade. Era o Dia da Vitória, um dos mais emocionantes de nossas vidas. Chegava o após-guerra e o mundo ia mudar dramaticamente. Ipanema inclusive – ou talvez principalmente...

11 de jan. de 2010

FELIZ 2010 COM DEMOCRACIA PLENA

1. REMOÇÃO PARCIAL NÃO FUNCIONA – Os cariocas apoiam decididamente o Prefeito Eduardo Paes em seu plano para remover as favelas das áreas de risco. É a única solução possível para o grave problema. Mas vale recordar as experiências de remoção efetuadas no passado e verificar o que funcionou e o que foi inócuo. Em resumo, sempre que a favela foi removida totalmente e no terreno por ela ocupado foi realizado um empreendimento imobiliário, criado um espaço de lazer para a população ou implantada uma obra pública, o projeto foi um sucesso. Exemplos: Selva de Pedra e Estádio do Flamengo (no lugar da Praia do Pinto), Parques da Catacumba e do Pasmado, Praça e canteiro da CEDAE no Jardim Oceânico (no lugar de favela na beira do canal, aliás removida pelo então Prefeitinho Eduardo Paes). Em sentido contrário, sempre que foram removidas casas e barracos em situação de risco mas continuaram as favelas onde se situavam, os locais da remoção foram posteriormente reocupados e o problema voltou a ser o mesmo ou até pior. Recebi fotos de um leitor deste blog, mostrando as enormes construções irregulares da Rocinha II. Rocinha II é a extensão da favela que se projeta sobre a encosta do lado da Gávea. Todas as construções que existiam daquele lado foram removidas décadas atrás, mas a Rocinha I permaneceu, constituiu seu poder paralelo e promoveu-se a reocupação, sem qualquer restrição. Remoções parciais não funcionaram e não funcionarão, pois não existe capacidade de fiscalização para as mais de mil favelas que tomaram conta da Cidade Maravilhosa.
2. CUSTO-BENEFÍCIO - As catástrofes que assolam o Brasil e se relacionam diretamente com a ocupação irregular de terras têm cobrado alto de nossa população. É insuportável o preço das mortes, dos danos físicos e psicológicos irreversíveis e da dor de muitas pessoas que vão sofrer pelo resto de suas vidas. O pior é que analisando a questão das catástrofes sob o aspecto meramente econômico, contabilizando as perdas em construções e equipamentos habitacionais, bens imóveis do patrimônio histórico, equipamento público urbano e infraestrutura em geral, fazendo as contas com cuidado, veremos que a política de prevenção seria muito eficaz, pois seu custo é baixo quando comparado aos benefícios (a eliminação das pesadas perdas citadas). A Justiça precisa identificar e julgar os responsáveis pelas ocupações irregulares, onde ocorreram os recentes desastres, pois é único jeito de acabar para sempre com sua atitude irresponsável e criminosa.
3. PROGNÓSTICO PARA 2010 – O engenheiro Harald Hellmuth fez algumas previsões para certos aspectos da nossa vida em 2010 e me enviou. Eis seu texto: “No ano eleitoral o governo desejará muito dinheiro na economia, que já se desenvolvia positivamente sem este "estímulo", somente porque o país tem uma numerosa população contendo grandes contingentes carentes de melhora no padrão de vida. Ainda há muito a investir em infraestrutura física e no sistema educacional. A indústria voltará a investir também. Haverá mais trabalho, mais renda e mais consumo. As cotações do açúcar e do álcool estão se recuperando; haverá efeitos positivos na balança comercial. Além disso, o salário mínimo foi reajustado generosamente. As pessoas, no geral, estarão satisfeitas com a situação - que muitos atribuirão ao Lula. A agitação em torno do petróleo do pré-sal é mesmo supérflua, caso não seja prejudicial e insustentável no longo prazo. Os eventos desportivos programados, sem nenhuma margem de dúvida, beneficiarão a economia, principalmente do Rio de Janeiro. A grande incógnita é a saúde efetiva da democracia. Como a sociedade se livrará da ameaça de uma subversão - com democracia aparente do tipo Chavista - pretendida por alguns "chefões" petistas, o MST, sindicalistas e demais "companheiros"? Estes elementos compõem o verdadeiro governo e se valem do Lula, que não lê nem o que assina, para desviar a atenção de sua trama. Falta uma revolução da percepção de valores. A conscientização de valores produziria a procura por soluções efetivas e o abandono das aparências e da corrupção. Valorizaria o trabalho, a educação e a capacitação, mas sobretudo a percepção de responsabilidades. Então, a sociedade, por via democrática, exigiria a terminação da pobreza, seguindo o modelo de urbanização e industrialização praticado na China autoritária: Passariam a ser construídas, na costa atlântica da região Norte e do Nordeste, concentrações urbanas em torno de indústrias verdes apoiadas por extensos projetos de reflorestamento. Salvar-se-iam os biomas da Amazônia, do Cerrado e da Caatinga. Num prazo de dez a quinze anos o Brasil poderia se tornar um sumidouro de gases causadores do efeito estufa. Não é por falta de recursos econômicos, tecnológicos e humanos que tais possibilidades não são abraçadas.” HARALD HELLMUTH
4. TRABALHADOR PERDE DINHEIRO - O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) teve receitas de R$ 35 bilhões mas gastou quase R$ 37 bilhões em 2009. O rombo de R$ 2 bilhões, ocorreu pela primeira vez e causa preocupação pelo prejuízo aos trabalhadores brasileiros. Pior é que muitas dessas despesas do FAT são dirigidas para programas e projetos muito discutíveis como a qualificação profissional, ministrada em cursos curtos, de péssima qualidade, assim como as pesquisas de desemprego realizadas pelo DIEESE (em algumas Capitais) que contêm erros conceituais graves e já deveriam ter sido descontinuadas há muitos anos.
5. HONDURAS – A propósito, os políticos brasileiros estão viciados em fornecer a seus potenciais eleitores “sem-teto” o chamado “kit favela”, para sua periclitante instalação em áreas de risco. Geralmente, angariam entre 4 e 6 votos por cada (o cacófato é proposital) transação desse tipo. Claro que quando ”a casa cai” a culpa é das intempéries, o político não é responsabilizado como deveria ser praxe da Justiça brasileira e tem ficado tudo por isso mesmo. Internacionalizando esse tipo de ação, o Governo Lula forneceu “convite” velado, tão ou mais perigoso, ao “sem-faixa” Zelaya, para que se aboletasse em nossa embaixada em Tegucigalpa. A pequena mas aguerrida Nação (a maiúscula é proposital) resistiu à pressão do imperialismo-nanico bolivariano, realizou eleições livres dentro dos princípios constitucionais lá vigentes e escolheu seu legítimo Presidente. Agora, resta-nos esperar a remoção, de nossa embaixada, daquele tremendo “barraco” ambulante e sua espalhafatosa “laje” (aquele discreto chapelão...) E que sejam apontados os responsáveis por essa gafe diplomática gigantesca a que submeteram nosso País... Em tempo, creio que Chávez deveria contratar o “competentíssimo” Zelaya como seu consultor para resolver as tremendas crises que se avizinham da Venezuela desgovernada...

3 de jan. de 2010

RITUAL MACABRO DE VERÃO

1. BALANÇO MINIMALISTA DE 2009 – Inflação Anual = 4,31% (IPCA) Exportações = US$ 153 bilhões; Importações = US$ 128 bilhões; Saldo Comercial = US$ 25 bilhões Variação anual do PIB = menos 0,2% (estimativa) Empregos Formais Criados no ano = 995 mil; População Total do Brasil em 31/12/2009 = 192.277.000
2. OS DOIS RITUAIS DE SEMPRE – Na meninice, em meados da década dos 40, eu brincava muito no primeiro quarteirão da Rua Barão da Torre, entre Jangadeiros e Teixeira de Melo, porque lá morava meu primo José Paes. Naquela época ainda não existia a Rua Antonio Parreiras, aberta muitos anos mais tarde para a construção do Hospital de Ipanema. A ampla casa da Rua Barão da Torre esquina com Teixeira de Melo era motivo de curiosidade permanente. Bonita, misteriosa, guardada por um lindo e bravio cão pastor alemão, seu dono era um estrangeiro (diziam) que nunca viamos. Certa manhã chuvosa de verão, a surpresa: a casa fora soterrada por toneladas de barro, lixo, árvores e arbustos que deslizaram do Morro do Cantagalo, já ocupado por uma favela incipiente. Morreram o morador misterioso e seu cão. Tempos depois acabaram de demolir a casa, retiraram o entulho e aquele espaço foi destinado às manobras de retorno do Bonde 14 (General Osório) que vinha de Copacabana, pela Rua Visconde de Pirajá e entrava na Rua Teixeira de Melo para retornar em direção a Copacabana e Botafogo. Passaram-se muitas décadas e os desastres se repetiram a cada verão, sistematicamente. Há dias, 65 anos depois do episódio de minha infância, a favela da Pavão-Pavãozinho despejou toneladas de seus detritos sobre os prédios da Rua Djalma Ulrich. O relevo do Estado do Rio de Janeiro é repleto de morros, geralmente de gnaisse e granito, recobertos de terrenos argilosos, instáveis e que não resistem ao encharcamento. Por outro lado a pluviosidade é intensa. Chegada a época das chuvas, das enchentes, das quedas de barrancos e das muitas mortes consequentes fazemos resignadamente a contabilidade do desastre e mesmo sabendo que no próximo ano tudo se repetirá, nada será providenciado... Que tal se as autoridades - pelo menos - removessem (e definitivamente não deixassem mais construir) imóveis que estão na parte superior ou no sopé de taludes íngremes, assim como os que estão na beira de rios, córregos e canais ? Isso, para começar uma política – séria, sem demagogia - de combate à favelização, à metástase urbana que acomete a maioria de nossas cidades e infelicita as pobres famílias que pagam com a vida o preço de nossa irresponsabilidade e de sua falta de informação. O fim de ano, com as lindas festas que o acompanham, poderia ser um período de esperança, de planos para o futuro, de alegria. Mas não no Rio...Porque é também a época de um ritual macabro, em que cinicamente culpamos os elementos naturais pelos crimes cometidos por todos aqueles que usam sua influência para permitir (a seus futuros eleitores) que construam no lugar proibido, sob as vistas grossas, complacentes e criminosas das chamadas “autoridades responsáveis” (sic).
3. VOLEIBOL VITORIOSO - Mais um ano de ouro para o voleibol brasileiro que "ganhou tudo" no plano internacional, no masculino e no feminino, na quadra e nas praias. Atletas, técnicos e auxiliares, a CBV, seu Presidente Ary Graça e equipe, estão todos de parabéns por manter o Brasil como grande potência nesse esporte fortemente competitivo.