21 de mai. de 2009

CRISE DE EMPREGO

1. A economia brasileira está em recessão mas provavelmente será das menos afetadas pela crise mundial e poderá recuperar-se mais rapidamente que as dos países desenvolvidos. Em parte, graças a algumas de nossas virtudes – por exemplo, pela atuação corajosa e competente do Banco Central nos últimos anos, tanto na política de juros como na regulação do sistema financeiro. Mas também como resultante de certas debilidades nossas - como a persistência em mantermos uma economia ainda muito fechada, o que nos torna menos dependentes do cenário global. Para o bem e para o mal... No caso atual está ajudando.

2. Mas há um aspecto em que a crise está batendo forte – no mercado de trabalho brasileiro. Isto porque seu efeito foi potenciado por sérios problemas estruturais pré-existentes. Nosso País já tinha, cronicamente, um desemprego muito elevado desde a década dos 90. Agora essa questão assume proporções diferentes e se a reação da economia demorar mais alguns meses, enfrentaremos situações mais difíceis de suportar. O fato de as seis regiões metropolitanas apresentarem desemprego de 8,9% em abril contra 9,0% em março, não serve de alento, indicando estabilidade, porque menos 40 mil pessoas estão trabalhando, diminuiu o rendimento médio do pessoal ocupado e muitos desalentados desistiram de procurar emprego.

3. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho para todo o Brasil, no primeiro quadrimestre deste ano nosso setor produtivo criou apenas 48.454 empregos. A situação melhorou, apenas aparentemente, em abril de 2009, quando foram gerados 106.205 postos de trabalho formais. Mas comparando com os primeiros quatro meses de 2008, quando nossa economia inseriu no mercado 848.332 trabalhadores com carteira assinada, verifica-se que o quadro atual não é nada animador. Há uma diferença preocupante de 740 mil empregos entre os dois períodos. Isso, sem falar que só em dezembro de 2008 já havíamos perdido 650 mil postos, ainda não recuperados. Considerando só 2009, tanto a Indústria (o motor do desenvolvimento) quanto o Comércio permanecem com saldo negativo que somado chega a 200 mil vagas perdidas. Nestas alturas, a desocupação em nosso Pais já deve exceder 10%, batendo forte nos grupos mais vulneráveis da população. Nos Estados Unidos e na União Européia o desemprego ainda não atingiu os dois dígitos, mas as autoridades estão alarmadas. Aqui reina o otimismo oficial. Para piorar, de janeiro a abril deste ano, houve acréscimo de cerca de 30 mil funcionários na administração pública. Em outras palavras: os governos contribuíram com dois terços do minguado saldo positivo de 48 mil empregos formais, engrossando suas despesas correntes e inibindo investimentos. Provavelmente por isso reina a alegria geral nas cúpulas governamentais... Mas 2009, em termos de emprego, será um “ano perdido”.

4. Sempre utilizando palestrantes de alto nível, o MOBRAL realizou vários cursos para aperfeiçoamento de seu pessoal. Eu comparecia a alguns deles. Participei certa vez de uma sessão na qual, entre outros temas, conversávamos sobre os dois jornais de periodicidade mensal que o MOBRAL publicava para distribuir a seus ex-alunos, de modo a incentivá-los à leitura e mantê-los atualizados. Um dos jornais, para quem concluíra Educação Integrada (equivalente ao antigo curso primário) tinha uma tiragem de 500 mil exemplares por mês; o outro, para recém-alfabetizados, imprimia 2 milhões de exemplares mensais (intitulado "O PASSO" e produzido pelos "Diários Associados"). Enquanto eu explicava o conteúdo da última edição dos jornais, os técnicos presentes começaram a rir e o palestrante perguntou-lhes a razão. Explicaram que eu – Presidente do MOBRAL – teimava em fazer a última revisão dos jornais. Em outras palavras, ironizavam a excessiva centralização que isso significaria. Após os risos, nosso conferencista me redimiu, dizendo: “ se uma instituição da importância do MOBRAL faz edições de 500 mil ou 2 milhões de exemplares para distribuição pública eu também acho que o próprio Presidente deva fazer sua revisão final !” Aliás, o MOBRAL mantinha padrões rigorosos de controle de qualidade de seu material didático, o que era natural pelo fato de que representava a sua despesa mais importante. Assim, a instituição contratou o INT (Rio de Janeiro) e o IPT (São Paulo) para retirarem amostras desse material dentro das editoras e o examinarem quanto à gramatura, brilho e cor, de modo a garantir sua qualidade e durabilidade. Práticas que deveriam ser uma rotina nos dias de hoje, nas organizações com boa gestão.

5. O Governo Estadual de São Paulo, mais de uma vez, distribuiu livros didáticos inadequados aos milhares (com conteúdos pornográficos e/ou grosseiramente errados) para seus alunos do ensino fundamental. Parece que ninguém havia lido esses livros na Secretaria de Educação do Estado. A distribuição de material para fins didáticos implica em enorme responsabilidade social e bons administradores, qualquer que seja seu status, desde que efetivamente comprometidos com a causa da Educação, sempre devem ter tempo para fazer o que é preciso fazer...

Um comentário:

  1. Arlindo -uma pergunta que não cala;
    Lí,em uma revista que um "grande economista John Galbraith"
    /que não conheço/ diz em suas previsões sobre o mundo globalizado em que vivemos,que os economistas fazem previsões não por saber, mas porque são peguntados??
    O artigo continua largo ( não tenho o direito de apresentá-lo),porém afirma que nossas autoridades têm trabalhado intensamente para que a recessão e o desemprego possam ser evitados ?
    O tema me pareceu em cima de uma economia especulativa (local de "jogo") do que um pensar sobre as dificuldades econômicas do nosso pais.
    ,Arlindo,você um sempre estudioso nestes assuntos econõmicos poderia me explicar o papel das especulações financeiras e sua realidade.Thereza
    e as ONGS ?e muita coisa, menos nosso povo pensado no seu crescer /educação saúde etc...

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