27 de jun. de 2009

RELEASE OFICIAL NÃO CRIA EMPREGO

« Mentez, mentez…il en restera toujours quelque chose ».
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1. Seguindo a orientação geral, o Ministério do Trabalho “comemorou” a criação de 131.557 empregos com carteira assinada no Brasil em maio de 2009. Número muito abaixo das necessidades nacionais e dos resultados históricos. Em maio de 2008 haviam sido gerados 202.984 postos de trabalho – 50% mais do que agora. Somando os primeiros cinco meses de 2009, foram criados apenas 180.011 empregos formais enquanto em igual período de 2008 haviam sido gerados 1.051.316. Uma diferença de 870 mil vagas que deveriam ser aproveitadas pelos nossos jovens que chegam ao mercado de trabalho e aqueles que perderam o emprego recentemente. Só em novembro e dezembro de 2008 e janeiro de 2009 cerca de 800 mil pessoas com carteira assinada foram vítimadas pela desocupação impiedosa.
2. O quadro estatístico levantado pelo IBGE através de sua Pesquisa Mensal de Emprego (PME) nas seis principais Regiões Metropolitanas, com desemprego de 8,8% em maio de 2009, não altera o panorama. Além disso, apurou queda dos rendimentos do trabalho da população ocupada. A inadimplência, por outro lado, está em alta no Brasil. As famílias já devem 35% de suas rendas. O estímulo exagerado ao endividamento para o consumo pode resultar em mais uma “bolha” problemática para o futuro.
3.A crise anda por toda parte, no campo e na cidade, embora seja mais aguda e preocupante na Indústria – o motor do desenvolvimento brasileiro, cujo emprego caiu 4,4% no primeiro quadrimestre de 2009 em relação ao mesmo período do ano passado.
4..A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas, afirma o IBGE, diminuirá para 135,0 milhões de toneladas em 2009 ficando 7,5% menor que a colhida em 2008 (146,0 milhões de toneladas). Menos emprego e renda, portanto.
5.Quanto ao nosso comércio exterior, até a terceira semana de junho, caiu muito o movimento geral de exportações mais importações. Havia sido de US$ 160 bilhões em 2008 e baixou para US$ 117 bilhões este ano, para o mesmo período. O mundo está comprando e vendendo menos e o Brasil não foge à regra.
6. O Banco Mundial prevê que a economia brasileira sofrerá queda de 1,1% neste ano. A OECD é menos pessimista e projeta queda de 0,8% no PIB brasileiro de 2009. O Brasil se sairá melhor que as nações desenvolvidas mas terá crescimento inferior ao dos demais países em desenvolvimento, a exemplo do que tem ocorrido sistematicamente nos últimos anos. E pior, nossa renda per capita cairá, pois o PIB crescerá menos do que a população. Em outras palavras: nosso povo empobrecerá.
7. O déficit primário de R$ 120,2 milhões em maio, (receitas menos despesas do governo, exceto os gastos com juros da dívida pública) não é nada bom. É imprescindível que o Governo reduza suas elevadas despesas correntes e invista esses recursos nos setores em que o Brasil tem ainda grandes oportunidades de geração de emprego a explorar.
8. Isso ocorre no programa de construção de habitações populares que deveria estar – mas não está - conjugado à implantação de infraestruturas de transporte de massa para nossas maiores cidades, de modo a deter a favelização e a metástase urbana que dela deriva e que políticos hipócritas negaram durante décadas, levando-nos à atual situação de calamidade.
9. Outro campo promissor nas cidades populosas é a reciclagem, poupadora de recursos naturais e geradora de ocupação e renda para uma camada pobre da população. A reciclagem deveria ser alvo de mais pesquisa nas maiores Universidades brasileiras e de incentivo federal.
10. Na zona rural, as culturas que - além da cana - produzem matérias-primas para a fabricação de biocombustíveis têm grande futuro econômico e podem elevar a renda de famílias residentes em áreas hoje deprimidas.
11. Quando dirigi (de 1965 a 1972) o Centro Nacional de Recursos Humanos (CNRH) do IPEA, trouxe do Labour Department norte-americano, através da USAID, para dar assistência técnica ao nosso Governo, o excelente profissional Allan E. Broehl. Especialista na área de trabalho, Allan implantou pelo CNRH a primeira Agência Pública de Emprego moderna do País, na região do ABC, origem do atual Sistema Nacional de Emprego (SINE). Além disso, elaborou vários estudos importantes sobre emprego, estatísticas do trabalho e temas correlatos. Um exemplo de assistência técnica internacional bem sucedida.
12. Dando prosseguimento àquela experiência pioneira do IPEA, o MOBRAL instalou 830 Balcões de Emprego na década dos 70, aproveitando a capacidade executiva da sua Gerência de Profissionalização (GEPRO), competentemente dirigida pela saudosa Lena Chaves e sua auxiliar Márcia Gatass (que tocava o projeto dos Balcões). Desse modo foi possível dar milhares de oportunidades de ingresso no mercado de trabalho àqueles que se alfabetizavam ou concluíam a Educação Integrada (equivalente ao antigo Primário) ou algum curso de qualificação profissional.

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