1. A REALIDADE
· O Governo Federal está dando o remédio oseltamivir (ex-TAMIFLU), com prazo de validade vencido, aos doentes da Nova Gripe. O povão está recebendo os 210 mil tratamentos que a FARMANGUINHOS encapsulou a partir de 9 milhões de doses compradas em 2006 para combater a gripe aviária.
· Apanhado pela nova pandemia em 2009, sem qualquer estoque de remédio válido, o Governo Federal resolveu dar o medicamento vencido mesmo. Parte do pressuposto que é melhor do que nada.
· A providência adicional foi firmar contrato com a ROCHE em junho de 2009, no valor de R$ 35 milhões, para comprar 800 mil doses novas de TAMIFLU - que estão sendo fabricadas agora e que – essas sim - serão garantidamente eficazes.
· Desse lote de TAMIFLU eficaz, já chegaram 50 mil doses a Brasília e as 750 mil restantes chegarão até o fim de agosto.
· Os critérios para a distribuição desses kits benditos de TAMIFLU ainda são nebulosos. Qual será a “casta” eleita para recebê-los ?. Serão os dalits ou os brâmanes ? Diga-nos, Gloria Perez !
2. O HISTÓRICO
· A partir de 2003 começamos a ter notícias, na mídia brasileira, de vítimas de uma doença denominada gripe aviária. Em Hong Kong, Bélgica e Holanda foram detetados surtos da zoonose que era passível de transmissão à espécie humana.
· Depois de 2004 surgiram focos da gripe aviária em nações produtoras de frangos de corte: Paquistão, Camboja, Coréia do Sul, Indonésia, Japão, Taiwan, Vietnã, Tailândia, China e Laos.
· Em 2006 ocorreu contaminação de aves domésticas e silvestres em diversos outros países: Índia, Iraque, Nigéria, Azerbaijão, Bulgária, Grécia, Itália, Eslovênia, Irã, Áustria, Alemanha, Egito e França. Nos países europeus os focos foram controlados rapidamente. Mas nos países do Oriente Médio, o vírus da gripe aviária matou 157 pessoas.
· Nessas alturas o Brasil, livre da zoonose, já conquistara grande fatia do mercado internacional de aves de corte e o Governo Federal, legitimamente preocupado, expediu a Medida Provisória 333/06, liberando R$ 230 milhões para um programa de prevenção e combate à gripe aviária, a ser implementado pelo Ministério da Saúde.
· Esses recursos foram principalmente usados na compra de 9 milhões de tratamentos do medicamento antiviral, já então identificado como a única arma para a cura da doença: era o Tamiflu, da ROCHE.
· A doença não chegara ao Brasil, mas talvez porque vários países adquiriram estoques gigantescos do remédio, a compra foi feita do modo tradicional. A ROCHE abriu novas fábricas para produzir exclusivamente esse medicamento, devido à forte demanda mundial.
Como se sabe, a gripe aviária não se alastrou e não chegou ao Brasil, mas ficamos com o remédio estocado. A boa prática de gestão seria fazer um contrato com cláusula para uma compra mínima obrigatória do produto, de modo a garantir viabilidade econômica ao vendedor, mas, em outra cláusula, tendo em vista que remédio é perecível e a epidemia ainda não ocorrera, dever-se-ia prever a compra adicional, apenas no caso de a doença se instalar, o que evitaria eventuais perdas.
Essa prudência, porém, pode ser discutível, em função da escassez do produto naquele momento. Talvez fosse “ pegar ou largar”. O Relenza, da GLAXO, não age contra a gripe aviária e o TAMIFLU era a saída.
Agora, quando sobreveio a Nova Gripe, em 2009, os 9 milhões de tratamentos do TAMIFLU comprado em 2006 estavam vencidos.
A ANVISA contactou a ROCHE, pedindo sua autorização para prorrogar a validade daquele lote estocado desde 2006, alegando que o produto estava bem acondicionado e que pesquisas amostrais do Ministério da Saúde atestavam sua estabilidade e qualidade. A ROCHE concordou, mas com a ressalva de que o medicamento seria encapsulado sem sua marca, apenas com a denominação do princípio ativo (oseltamivir) e teria distribuição gratuita.
Estou muito curioso para saber quem vai ser medicado com esses 800 mil tratamentos potentes de TAMIFLU. Mas desconfio que posso adivinhar, pois no Brasil, educação e saúde funcionam assim: para os “eleitos” tudo; para os inocentes eleitores aquele cruel “me engana que eu gosto”.
3.SUCESSO É CHEGAR AO FIM DA VIDA E PODER ORGULHAR-SE DE SUAS DERROTAS TANTO QUANTO DE SUAS VITÓRIAS
Arlindo Lopes Corrêa
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Oi Arlindo
ResponderExcluirComo tenho tido a oportunidade de participar de sua trajetória desde 1971, afirmo que você colheu muitas vitórias. E mais: dessa vez vou ser obrigada a discordar de você. Sem essa de fim da vida. Tenho certeza que você ainda tem uma longa jornada e com muito para partilhar e ensinar
Beijos, Adélia
Querida Adélia: uma das vantagens do esporte é nos ensinar a ganhar e a perder, encarando vitórias e derrotas como naturais, como parte do processo. O importante é que se ganhe compreendendo as limitações éticas da vitória e se perca com honra e até se opte deliberadamente pela derrota, quando for o único meio para manter a honra. E disso eu posso me orgulhar. Felizmente, também tive muitas vitórias e uma vida extremamente feliz, bafejada por uma sorte invejável. Mas cara Adélia, mesmo com toda sua bondade, não se pode negar que aos 72 anos já dobramos o Cabo da Boa Esperança. Claro, não vamos desistir de prosseguir...Isso, nunca ! Arlindo
ResponderExcluirArlindo
ResponderExcluiresta Gripe / Tamiflu x Tamifla/
brâmanes x dalits
jogo de castas -vence o mais poderoso e com dirigentes mais corruptos -é triste mas podemos um dia ...quem sabe...com governos sérios,saúde alimentada, educação trabalhada - vencer esta partida - pelo menos não estamos deixando de perder Gols frente aos goleiros adversários,quando nos passam a bola / Thereza -saudações tricolores -que fazer!
Caras Adélia e Thereza: grato pelos comentários. Os brâmanes começam a aparecer e mostrar seu poder. Morreu a primeira pessoa de gripe suína em Brasília e um Deputado está espirrando. Em consequência, a Câmara dos Deputados acaba de requisitar 1.500 (mil e quinhentos) tratamentos do bom TAMIFLU para ter em suas douradas prateleiras, só para eles - os mesmos de sempre ! E para o povo, que está morrendo por aí, aqueles 9 milhões de kits do TAMIFLU vencido...A isso chamamos Democracia - realmente é o Governo dos Representantes do Povo levado ao extremo. Arlindo
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